Amanhã, hoje não



Quando o vento assobia nas janelas eu já só penso no amanhã, sem me despegar desta solidão de hoje. Solidão de querer silêncio, de querer fazer muitas coisas mas sem sair desta bolha do "deixei-me estar". Às vezes apetece mandar parar o tempo para que quando quiser voltar a sair portas não tenha corrido um minuto que seja. Nunca é assim. E ainda bem. Estaria demasiadas vezes nessa batota.
Trouxe Hemingway da estante do N. e agora não o consigo ler. É sobre África e começou sobre caça e agora já não há nada fazer. Porque nem sinto apelo por África, muito menos por caça. Procurei outro livro hoje, enquanto fugia dessa loucura colectiva de um centro comercial numa manhã de domingo, mas o corpo pedia sofá e ouvir Georgia. A cabeça a latejar e desisti nesse brusco encontrão com as pessoas que sobem uma escada rolante e param no topo. No caminho, o doce apelo dos cheiros do mercado de Natal desajeitado. E nessa mistura de festa popular com feira medieval desejei aquela queijada de noz e mel, até que passei pelo entremeada no braseiro. Como pode?
E agora que o vento continua a soprar "Ana" de seu nome, penso no que ainda posso fazer. Amanhã, hoje não.

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