Banalidades Minhas

Não consigo dormir. Vagueio, vejo fotos, como as pessoas mudam, como deixamos de saber quem são. Ponho-me a chorar. Já nem sei pelo que choro. É desesperante ver as horas passar no vazio da noite, das ideias, dos momentos, das palavras. Sem dormir. Nos próximos dias quero fazer mil e uma coisas e não fazer nada. Quero olhar para o dia e para a noite. Esquecer todo o trabalho que está por fazer, a pressão que me imponho e que os outros me ditam, quero voar para longe, quero fotografar, quero ouvir, queria falar também, ser ouvida, estar no silêncio que me acompanha. Quero viajar. Quero ir ao dentista, quero ler, estudar e dormir. Quero não ter medo, nem ansiedade, quero o sereno do vento frio, quero descansar.

Só eu não quero ver, como se colocasse uma venda a mim própria, mergulhasse numa escuridão que me ilude, me mascara e me isola.... Só eu não quero ver, negando com firmeza o que é tão óbvio...

Da soma dos dias... "A tarde é a velhice do dia. Cada dia é uma pequena vida, e cada pôr do Sol uma pequena morte." ( Schopenhauer , Arthur )

Un anúncio. 600 candidaturas em poucos dias. Recomendações: Cv em formato "normal" sem corzinhas berrantes, sem molduras diferentes para cada caixa de texto, sem 10 tipos de letra diferente num só documento, sem clip arts pendurados junto às fotos, sem fotos na relva, no casamento da prima, sem flores no cabelo, sem poses esquisitas, sem digitalizações manhosas, sem anexos de 3000 páginas, sem conteúdo em línguas que não se dominam. Importante ler o anúncio e os requisitos, uma instrutora de pilates não se enquadra no perfil... as licras não são bem vindas.... Tudo o resto será analisado, até à exaustão, até que saibamos a vida dissecada por épocas, de boa parte destas pessoas... E um dia, tenho a certeza, irei passar por algumas pessoas na rua e vou reconhecê-las...(há fotos que não se esquecem)!!! E às tantas olhamos para o que fazemos ou para a nossa vidinha e face a alguns percursos bem podemos dizer que há vidas do caraças!!!

Será tão difícil dizer o quanto nos faz falta alguém, em todos os momentos, pondendo a vida tornar-se menos provida de significado com a sua distância? Não, difícil é ser ouvida. Será tão difícil perceber que afastamos as pessoas por tanto as querer... Não, difícil é aceitar.

E depois das palavras, dos momentos, do silêncio, do vazio, da essência, das cores, dos sorrisos, ou das lágrimas... E depois de tudo.... E do nada... E depois, o que somos?