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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

A A.

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O meu Natal Polaco chegou hoje. Para me dar essa alegria e magia de abrir uma carta ou caixa vinda pelo correio de verdade. Mas mais do que isso, para me lembrar que há pessoas incríveis que passam pela nossa vida. A A. é uma franzina loira, de gargalhada fácil e estridente. Com ela aprendi que podemos amar sem conhecer. Ela amava Portugal mesmo antes de ter vindo cá, de conhecer as pessoas, a nossa cultura, a nossa comida, a nossa música. A A. falava de Portugal como nenhum de nós, nascido e criado neste país, ousou dizer metade, apenas. E aprendeu as palavras e as expressões numa mistura de português de Portugal e do Brasil que dão uma mistura atrevida a tudo. E digo amor porque ela vai ao detalhe de se emocionar com um padrão típico de azulejo português. Duvido que algum dia a A. deixe o seu país porque é uma mulher ligada às suas raízes e com uma forte ligação à sua família. Mas não duvido de tudo aquilo que ela atenuou quando eu, acabada de chegar ao aeroporto, num país onde n

#25/12/2015 - A viagem

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A carrinha velha, de matrícula alemã e com duas pranchas de surf foi em direcção à praia. O casal sorriu ao passarem e eu, de mãos dadas, com as sobrinhas desliguei do mundo real. Do mundo das obrigações, do trabalho, da família e dos amigos e naquele instante viajei com aqueles dois. Pela liberdade, pelo companheirismo, pela natureza, pela aventura. Pela viagem em si.

#24/12/2015 - O abraço

Natal. Escrevo-te com a mesma melancolia com que está disperso o meu pensamento enquanto olho a lua quase cheia, por detrás do céu cavado de nuvens. Rebentam os foguetes nas imediações anunciando a tradição da igreja. Volto para dentro enquanto penso que o nascimento do menino Jesus para mim sempre foi confuso porque como era possível um menino nascer e ao mesmo tempo vir distribuir presentes? Cá em casa, e para a geração dos meus sobrinhos, há pelo menos dezoito anos que a magia ficou a cargo do Pai Natal. E agora, depois de toda a azáfama, da euforia que se esgota numa mesa cheia de comida, no reboliço da entrega de presentes fica este silêncio. Eu, o copo de espumante e os amendoins. É assim há anos. Não é o silêncio que me incomoda, é saber que montei em torno do Natal uma perfeição que não existe. E se neste dia penso em todos aqueles com quem a vida me cruzou, penso nas vezes que falhei com essas mesmas pessoas, penso nos amigos de agora, nos que foram ficando mais afast

A saga continua

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Das coisas mais estúpidas que tenho feito é acender a lareira para aquecer a casa e passados dez minutos estar a abrir a janela para sair o fumo da sala. E ainda estão para inventar o ambientador que elimine o cheiro a fumo!! Uma das quinhentas vezes que mudei de casa escolhi uma que tinha lareira e só mais tarde, contrato já assinado, grelhas protectoras de ferro compradas e, na primeira utilização, percebi que o pequeno buraco na parede não funcionava. Achei-a, na altura, demasiado limpa e não estranhei, mas quando me vi mergulhada numa nuvem de fumo percebi porque os anteriores inquilinos nunca a tinham utilizado. Desta vez perguntei se funcionava mas já percebi que o afirmativo nestes casos pode ser muito relativo. Eu sigo à risca as dicas que me vão dando, desde as cabaninhas, à lenha miúda, ás pinhas para atear o fogo. A tudo! E nada funciona o tempo suficiente para evitar eu começar a ver o fumo a sair e a subir paredes. Não fosse a cimeira do clima e eu diria que os

Direitos

Os direitos humanos. E lembro-me desta coisa da escravidão da beleza como se tudo o que esteja fora do padrão da moda nos tire auto-estima, bem-estar e identidade. E eu que coloco um revirador de pestanas no lote de instrumentos satânicos reclamo aqui o direito a não arranjar as unhas e ter espigos, peles e unhas sem arte capaz de colocar o Louvre a um canto. Reclamo o direito a não usar cremes para as rugas do calcanhar ou quiçá para as pregas que se instalam nas costas depois dos 30. O direito a não pintar os olhos, a cara e a usar batom que se vê em Lisboa estando eu no Norte. O direito a não ter outfits glamourosos, com todas as últimas tendências da moda, a ter poucos pares de sapatos, a ter camisolas com borboto e a vestir-me mal desde que me conheço. O direito a ser como me apetece porque não haverá grandes possibilidades de mudança a este nível. Mesmo quando as pessoas   à minha volta reprovam uma unha mal arranjada. Estão no seu direito!