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A mostrar mensagens de março, 2010

Da memória...

Eras uma pirralha pequena que saltitava em cima da cama da avó (tua bisavó), com uns cabelitos loiros caídos em cachos de caracóis. A avó adorava-te. Herdas-te o seu nome. Lembro-me dessas tardes de domingo em que atravessava os campos com a minha mãe para irmos onde toda a família se juntava. E como tudo rapidamente se perdeu. Lembro-me de ti na semana que passava todos os anos contigo por altura da festa em Setembro. Lembro-me do salto que deste, como cresceste... E agora mesmo não tenho palavras para gravar num pedaço de tecido que irás agitar um dia destes. Ainda assim, perco-me nas minhas recuperações da memória. E fico a pensar nas pessoas, nas caras que já não me lembro, nos lugares.
Quero apenas esmagar o silêncio.... "Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo Mal de te amar neste lugar de imperfeição Onde tudo nos quebra e emudece Onde tudo nos mente e nos separa". "Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio E suportar é o tempo mais comprido. Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, Que um só dos teus olhares me purifique e acabe. Há muitas coisas que eu quero ver. Peço-Te que sejas o presente. Peço-Te que inundes tudo. E que o teu reino antes do tempo venha. E se derrame sobre a Terra Em primavera feroz pricipitado". (Sophia de Mello Breyner Andresen)

Do ir...

"Quantas vezes descobri onde deveria ir apenas por partir para um outro lugar". ( Robert Fuller)
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Salto do passadiço para a areia onde os pés se afundam e as sapatilhas pesam... Ao fundo o farol da barra lembra que sempre há um ponto de orientação, um guia...nem tudo é desorientação, deriva, abandono...no mar ou na vida! Gostava tanto que aqui estivesses... Tento abrigar-me do vento, já caminho há uma hora, desde que falei contigo... Entre duas pequenas dunas enfeitadas de junco sento-me e fico a ouvir o som do mar, o mesmo som com que tantas vezes adormeci na minha praia , o mesmo som que sempre tive bem perto de casa, durante anos. Na pequena mochila procuro o creme do sol que não trouxe e tiro a máquina fotográfica que, pelo vistos, está sem bateria... Schifezza! E leio mais um pouco, poisando os olhos no horizonte...vejo um dos mares de que se fala no livro que leio...um mar ou tantos mares? E penso no que estará para breve e confirmo de que não sou de lado nenhum, vou para onde tiver de ir e nunca saberei onde quero estar. Os lugares, as gentes, as obrigações, os dias que p

Sun; Sole; Soleil; Sonne; Sol;

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Hoje esteve um dia radioso, com uns calorosos 15º e luz, muita luz. E as minhas sardas deram o ar da sua graça... E andei de olhos postos na ria de Aveiro... E a "Borboleta" portou-se lindamente... E cheirou a verão...

*Há dias assim...

Chove mesmo muito. Nem os pombos saem das casotas do velho espigueiro. Vejo e leio as primeiras notícias do dia, ou melhor, do dia anterior. Ler o jornal ao domingo foi a única rotina (boa) que introduzi cá em casa, já lá vão 10 anos. Na Tv recordam-me que falhei a 46ª edição do Festival da Canção e que, pela primeira vez, na história deste Blog não existem argumentos para descrever essa gala de música diferente que, na maioria das vezes, nos permite momentos de verdadeira catarse! Vi e ouvi, portanto, de olhos esbugalhados a balada vencedora (intitulada como a epígrafe), cantada por uma menina de vestido de tule esvoaçante e recordo que quem participa nas votações, na maioria dos casos, são pessoas ligadas à música. E isso é preocupante! E de resto é futebol, futebol, futebol! Tirando isto, as minhas pernas acusam ferrugem, em proporcões semelhantes à que se espalhou pela "Borboleta". Mas nada que não se recupere! *"Há dias assim..." é, há muito, uma rúbrica dest

Do sentir

"A gente nunca sabe se o que lhe sucede é, em definitivo, bom ou mau." (Eça de Queiroz, in "Os Maias")

Hoje

Hoje devo agradecer... Tantas pessoas que se cruzam nas nossas vidas, tantos momentos, tantos sentimentos, razões e nós sempre a mudar! E porque mudamos, muda a forma de sentir, as nossas percepções, o que valorizamos, o que gostamos, alteramos hábitos, rotinas, desejamos outras coisas, idealizamos vidas, alteram-se os medos, as angústias e até os próprios sonhos. E todos mudam! E vivi mais um ano, ou terei existido em mais um ano? Na vida, na existência ou no fim de ambas há-de haver sempre um momento de gratidão a todos que, por momentos, ou por dias a fio me fazem (fizeram) sorrir, ter amor próprio, olhar o horizonte de forma diferente, acreditar e desacreditar, chorar e rir muito, desesperar e confiar sem limites, amar e sentir-me enamorada, deslumbrar-me e ter medo, caminhar ou hesitar vezes sem conta… Vou viver até quando eu não sei que me importa o que serei quero é viver Amanhã, espero sempre um amanhã e acredito que será mais um prazer e a vida é sempre uma curiosidade que me