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A mostrar mensagens de outubro, 2013

o 31 de Outubro: uma viagem

Tenho este dia sempre presente todos os dias. Uma viagem vertiginosa, ao mundo das dúvidas, dos sentimentos, das emoções e das desilusões. Uma viagem para nos conhecermos, para deixarmos cair máscaras, medos e a timidez. Ganhou-se em aproximação e depois perdeu-se esse dia para sempre. Essa viagem e essa noite onde a voz e o corpo estavam trémulos. E depois de tantos dias e de tantas viagens apenas sinto que aquilo que levo cá dentro me traiu para sempre.

Menos tudo

Sobre a novidade de hoje da restrição do número de animais... Por estes dias escrevi que o hall do prédio cheirava a cão. Sei que os meus vizinhos (não todos) têm cães mas penso que não sejam mais do que um por apartamento. Sei porque os canitos às vezes gostam de uivar, de ladrar e mostrarem a sua presença. E porque o hall cheira a cão. Não me aflijo com o ruído porque os cães vizinhos são razoavelmente bem comportados. Podiam era fazer uma lei para tirarem as vuvuzelas que ainda restam nos bairros. Isso sim, eu iria aplaudir. (Ainda não descobri quem é a criança mas no dia em que souber vou-lhe explicar que aquilo não é música é tortura). E se o hall cheira a cão desta maneira e os bichos só passam por aqui eu imagino os apartamentos. De resto continuo a admirar as pessoas que têm os bichos, que criam as rotinas de os levar à rua, que organizam as vidas em função dos animais e nunca os abandonam nas férias ou em qualquer outro tipo de situção. Admiro as pessoas que passam horas no

Planning

Eu que tenho andado tão focada no dia -a-dia, tentando não me afogar nos pensamentos acerca do futuro hoje deram-me um calendário para optar como serão os meus fins de semanas durante 2014. E antes fosse alguma oferta da Time Out com dicas para passear, comer e ver espetáculos. De volta aos livros. Daqui a uns tempos estarei a lamentar-me das minhas próprias escolhas.

Meu segundo nome #1

Intolerante. Para pessoas que nas conversas de hora de almoço queixam-se que não têm dinheiro para absolutamente nada, nadinha de nada e confrontadas com o facto de continuarem a viver em casa dos pais e não terem contas para pagar argumentam e contra-argumentam...e depois chegam todas as semanas com modelitos diferentes e com mil e uma coisas a combinar, a bota com o laço, com a mala, com o anel, com o colar, com tudo o que possam ver pendurado numa mulher. Ladies, não sejam fúteis e não façam das outras pessoas parvas. Não estou com isto a dizer que devemos ser todas umas mulheres das cavernas mas então não me atirem com areia moda para os olhos.

De Lisboa... ou de coisas que eu não fazia e agora faço

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Cycling: Belém-Expo. Muito sol, o Tejo imenso ali ao lado onde vagueiam os pequenos veleiros e os grandes cruzeiros esperam por nova largada. O zumbido da ponte 25 de Abril, uma ciclovia não muito despoluída e muita gente para fazer prova de obstáculos. Não é propriamente o passeio mais bonito do mundo, porque há toda aquela parte industrial, dos contentores do porto de Lisboa, zonas abandonadas e degradadas e locais muito pelintras. Mas no regresso e com o Padrão dos Descobrimentos ao fundo o pôr do sol compensa, anunciando que os dias estão muito mais curtos. foto tirada em 2011

Manhãs

Nunca o prédio me pareceu tão barulhento. Cães a uivar de madrugada, a vizinha criança aos pulos e a gritar logo pela manhã e gente a entrar e a sair por esta malfadada porta que bate estrondosamente ali mesmo ao lado. E faltavam poucos minutos para as 08h e eu pensei que todos teriam madrugado, quando eu até acertei as horas antes de me deitar. Isso, pelos vistos fiz o que não devia ter feito porque se o telemóvel foi apelidado de smart phone foi por algum motivo. De resto, cruzo-me com uma vizinha que vai correr, munida de gadgets pendurados, talvez para a música, batidas do coração, calorias, Kms e canso-me só de olhar para aquilo tudo. Tenho a "Borboleta" na arrecadação e isso basta-me. E hoje tem mesmo de ser!

Vidas

Quando tentamos consolar os amigos pelas surpresas negativas que a vida sempre nos reserva é quando melhor conseguimos fazer uma retrospetiva de acontecimentos semelhantes que nos marcam. E fossem os meus feelings tão certeiros nos números do euromilhões. Mas a vida não seria a mesma e eu seria muito mais viajada, faria apenas o que gosto e o que me apetece.

O Alentejo

É incrivelmente assustador como saio da pacatez de aldeias e vales no Alentejo e me vejo parada numa fila gigantesca na ponte 25 de Abril, depois de pagar a taxa para entrar na capital do país. Que disparidade e contraste em tudo! As cores de Outuno estão no Alentejo, algures onde as estradas vão percorrendo os campos, nas árvores, nas searas. E sempre que chego a um aglomerado de casas caiadas pergunto-me quantas pessoas ali vivem e que tipo de estruturas de apoio têm. E as pessoas, essas, olham para a estrada e é como se contassem os carros diferentes que vão passando. É impossível ir conhecer uma empresa de agricultura nesta região e não ficar a pensar que mudanças implicariam viver e trabalhar nesta região. Mas há o mar quase tão perto como a planície e por tudo o que pareça precário há, ainda, a força maior da vontade de arriscar.

A beleza enjoa-me

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Longe vão os tempos em que aquele homem de cabelos grisalhos com um sorriso estonteante me dava a volta a cabeça. Sim, falo do Clooney. Agora não me dá a volta à cabeça mas sim ao estômago. E bastaram meia dúzia de aparições. Pela primeira vez vomitei depois de ver um filme. Gravity, um ecrã medonho, óculos 3D (1st time!!!), muita volta no espaço, a pizza do jantar mal digerida e um faustoso lanche de miniaturas de queijadas de Sintra e voilá...cabeça na sanita!

Soluções

Eu gostava de amanhã acordar com mais paciência. Mais paciência para tudo. Para o cabelo que cai nesta altura e que, ainda assim, não ganha forma sempre que o seco todas as manhãs, para a roupa que já não me serve e que me faz pensar todas as manhã o que me aconteceu afinal, para os vizinhos que saem muito cedo e deixam bater a porta de entrada do prédio, para as pessoas que estão nos seus carros e que vendo que saio de uma estrada sem visibilidade ainda assim me buzinam, para as filas até ao trabalho e para os autocarros que param bruscamente sem fazer qualquer sinal, para as pessoas que diariamente arranjam problemas sem necessidade nenhuma, para os chefes que não o são, para aqueles que sonham em ser chefes, para as rotinas de todos os dias, para as discussões de hora de almoço sobre futilidades ou sobre o estado do nosso país. Paciência para mim, para o que sou hoje sem o saber gerir, para tudo e todos. Paciência para criar soluções.

Jornal do dia

Sem grandes textos eloquentes e com argumentos políticos coerentes porque insitem em dar visibilidade a gente que nos lixou a vida largamente? Falo do "filósofo" deste Portugal, que só pode ser muito tacanho para promover este tipo de situações. Já não há paciência e começo a concordar com aqueles que dizem que somos burros e gostamos de continuar a sê-lo. O ano passado enquanto esperava para almoçar num restaurante em Paris, situado num quarteirão próximo do distinto Louvre, o empregado ironizava sobre a nossa sitaçao económica e social e com um largo sorriso dizia-nos que o "filósofo" era ali cliente assíduo. Foi o suficiente para me estragar a refeição.

"Tibialmente" falando

Tenho os pés/músculos/tendões uma lástima.

Fragmentos

O hall de entrada do prédio cheira a cão. Penso nos frutos vermelhos e no que vai sair dali. Chove desalmadamente e estou a chá quente e a bolos secos da Serra da Estrela (maravilha!!) Olho para a carta da universidade e penso que agora não há volta a dar. Mesmo depois de já ter feito o cálculo dos cortes salariais no simpático simulador que encontrei no jornal online. E penso nos próximos sacríficos e rogo para que não hajam deslizes ou imprevistos. Tenho a cabeça na dança mas os exercícios de gramática do inglês esperam-me. É sexta feira, tão bom!

Resume

A gente nasce e cresce numa família humilde, todos habituados a trabalhar na terra e a saber o que custa a vida a ganhar. (Não me venham com discursos de valores, referências e de saber o preço que as coisas têm porque sempre soube o que foi ter o dinheiro contado, não ter acesso a roupas de marcas, não ter dinheiro para levar para a escola para comprar Bolycaos ou batatas fritas onde saíam os "pega-monstros".) A gente vivia em condições miseráveis, com pais a pedir dinheiro muitas vezes para manter o orçamento, para ir todos os meses "à caixa pagar as cotas" (vulgo segurança social) e para ter comida na mesa. A gente nem sabia se ia poder continuar a estudar mas agarrava-se aos livros na esperança que dali saísse um futuro melhor. Um futuro melhor do que trabalhar de sol a sol para não ter absolutamente nada. A gente nem sabia se ia para a universidade nem tão pouco para o secundário mas acreditávamos tanto! E pediam-se bolsas de estudo  e a Gulbenkian ia fazendo a

Pensamento do final do dia

Serei apenas eu a pensar que quanto mais "cabrões" mais sucesso na vida têm? E para acalmar...

De Lisboa... ou de coisas que eu não fazia e agora faço

Ir ao teatro. Em Coimbra olhava para o cartaz do Teatro Académico Gil Vicente e pensava na possibilidade de sobrar dinheiro ao final do mês para ver alguma daquelas peças. Só vi uma, não me lembro do nome, nem do elenco e da história. Sei que eram muitas irmãs. Não percebi absolutamente nada mas aquela experiência das vozes a ecoar no espaço, do palco despido de efeitos, de músicas e de tudo aquilo que a televisão e o cinema nos dão.

Os domingos

Quando os domingos não amanhecem com o chilrear dos pássaros ou com o latido dos cães a avisar gente ao portão, despertam com o som agreste do interruptor automático da porta do prédio que fica, mesmo ali, paredes meias com o meu quarto. E à medida que vou despertando apercebo-me que afinal ainda podia dormir um pouco mais mas é sempre a velha história de não dormir quando posso ficar na cama até mais tarde e desejar esticar-me quando tenho de me despachar e levantar cedo durante a semana. O pequeno almoço de domingo sabe melhor e estou ali sem pressas, com a música de fundo, a folhear o jornal  que religiosamente compro neste dia da semana. Os domingos não têm de ser quase sempre iguais mas são mais bonitos de manhã quando ainda tenho a percepção de que faltam muitas horas para caminhar, ler, esticar-me no sofá a dormitar, cozinhar e descobrir novas receitas, coisa que nunca faço durante a semana. Os domingos apenas entristecem ao fim da tarde e quando a noite reclama o descanso po

Pensamento do final do dia

E enquanto leio as notícias do mundo...* Alguém diz aquela Cyrus para meter a língua para dentro!!!??? Não quero saber se ela é a santinha e depois a badalhoca em pessoa. Mas faz-me impressão porque estar tanto tempo com a língua de fora deve cansar e fica com os maxilares doridos... (*notícias menos sérias)

Há dias assim (doridos)

Ontem voltei à cadeira inclinada para me tentar fixar na luz que incide na minha cabeça e contrariar a dor, os nervos, o suor nas mãos, a ansiedade, os sustos, os cortes, as lágrimas que se contêm nos olhos. E se algum dia este pesadelo terminar eu já não precisarei dos dentes para nada.

Porquê do inferno?

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Hoje, enquanto recuperava o fôlego junto ao carro, um jovem casal aproximou-se e perguntou-me se era ali a "Boca do Inferno". E disse-lhes que sim, mas fiquei sem resposta quando me perguntaram porque se chamava assim. Talvez porque há uma enorme garganta de rochas por onde o mar descobre o caminho, voluteando até se erguer em espuma, e recuar e voltar, sempre na cadência das ondas, das marés deste mar de Cascais. Não sei o porquê de se chamar assim, aliás, tenho para mim que o inferno não é assim tão belo e ninguém suporia tal paisagem para o lugar que se afigura como o terrreno do demónio. Mesmo quando o mar é violento, galga rochas e penhascos, afasta os barcos do mar, mesmo quando as vagas irrompem pelas rochas devolvendo-nos o cheiro e o sabor da água do mar. Mesmo quando esse mar assusta e nos lembra que somos ínfimos perante a natureza. Talvez porque aceitamos as coisas tal como são, como se chamam, nunca questionamos sobre estes detalhes. Porque vemos, sentimos e

Abraço bom

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Porque não importa de onde vimos ou quem somos. Porque há pessoas absolutamente fantásticas com quem nos cruzamos.

Keep moving badocha!

Vós que entrais no "Mar do Inferno" ou nas "Furnas do Guincho" e por mim passais a lutar na escuridão, contra a chuva e o nevoeiro, a suar em bica para conseguir correr 5km e com ar de quem vai morrer a seguir... Não tenhais pena, nem remorsos por estares prestes a comer das melhores iguarias e alapar o rabo durante cerca de 2 horas... Eu já levo no bucho um croissant de chocolate e um pacote de bolachas belgas!!!

O que leio

"E pontualmente, enquanto os anos se sucediam no calendário e ele mudava de lugares, a imagem de Leila era projetada com as cores e as experiências dos países que passavam diante dele: Japão constelado de cerejeiras, Lima dos narizes aquilinos, Portugal melancólico e insípido , Helsínquia afogada em neve (...)". ( in Lawrence Durrell, O Quarteto de Alexandria (edição conjunta), pág.450) *capítulo do Mountolive que foi publicado pela primeira vez em 1958.