As cabras, os museus e...a dor de pernas

Doem-me as pernas.
Recomendaria a todas as pessoas que queiram realmente conhecer uma cidade que o façam  a pé. Descobrindo ruelas, olhando e sorvendo cada detalhe. As pessoas, os edifícios, as cores, os cheiros, o bonito e o feio.
O mapa é sempre uma opção mas evitem-no quantas vezes forem necessárias,  podem perder-se e entrar nos cafés, mas espreitem tudo, mas tudo! Sejam curiosos como os gatos.
O guia chegou na semana passada e confesso que não sou grande adepta de ver a cidade pelos olhos de quem a escreveu, algures, depois de a ter sentido. O que vem no guia é sempre uma boa referência mas passo demasiado tempo com a cabeça poisada no papel e assim perderei mais rapidamente o campo de visão que, em contexto novo, se dilata sempre até ao infinito. Além disso, o guia ou o mapa na mão atrai carteiristas. É a minha teoria de quem nunca viajou realmente mas continua a ser uma boa desculpa para eu continuar a optar pela curiosidade do ver, perguntar e ouvir.
Mas o guia foi uma oferta e agora é um dos maiores motivos para eu me obrigar a ver tudo o que nele contém. Bom, pelo menos no que toca a esta cidade. O país é, deveras, grande!
E ontem saí de casa determinada a uma boa dose de visitas a museus e a sítios de interesse na cidade. Porque me arrependo de o não ter feito massivamente em Lisboa. Nunca é tarde para conhecer uma cidade e voltarei, com uma perspetiva menos aborrecida e menos "medricas" da cidade grande.
O ponto de partida eram as cabras. Sim, o simbolo da cidade e as cabras metálicas da City Hall, bem no meio da Stary Rynek que, ao meio-dia em ponto, e depois do sonido da trombeta saem para gáudio de miúdos e graúdos. A simplicidade das coisas é aquilo que mais nos atrai e ouvir as crianças a contar as 12 vezes em que as cabras se turram vale os minutos que ali ficamos parados olhando para o topo da torre.
Depois seguiu-se o tour dos museus começando pela própria torre que alberga o museu da história de Poznan. E começam as comparações. Defeito de profissão talvez, e o facto de ter trabalhado numa empresa de gestão de património levam-me a reparar em todos os pormenores, desde as bilheteiras, lojas, exposição, sinalização, luz, objetos, manutenção de edifícios, colaboradores... e saio mais cansada do que entrei. E constato que em Portugal podemos ter muitas coisas a melhorar mas continuamos a ter muito bons exemplos quando me deparo com algumas realidades noutros países. Até mesmo em Florença esses detalhes saltaram à vista e desta vez não foi diferente, principalmente quando vemos os assistentes de visita muito concentrados a fazer palavras cruzadas, de phones nos ouvidos, em conversa de pares, bebendo chá e comendo bolos com o detalhe de poisar a chávena em cima de uma das vitrines de exposição. Mas a entrada gratuita ao sábado relembra-me que posso até minimizar este facto. À parte disso continuo a pensar no ar de espanto do casal inglês quando a senhora da bilheira ordenava em inglês quase pior que o meu que tirassem os casacos para pendurar num cabide muito "tudo ao molho" porque não era permitido levar o casaco vestido. Eu juro que se for pela imagem do elefante na loja das porcelanas eu jamais tiraria o casaco no interior dos edifícios, não correndo assim o risco de deitar abaixo tudo que se abeirasse de mim.
Houve ainda tempo para um chá e mais um dos bolos fantásticos que se comem nos inúmeros cafézinhos perto da praça central. São lugares quentinhos e carregados de coisas boas e com pormenores na decoração que nem dá vontade de sair para a rua.
E já depois de entrar em boa parte dos museus, igrejas e esgotado o tempo de abertura de visitas (18h00) viria a parte em que nos sentamos na conhecida cervejaria da praça para provar diferentes tipos de cerveja e horas mais tarde teríamos destabilizado o bar inteiro.
Porque não há coisa melhor do que ouvir português na mesa atrás e arranjar o motivo mais parvo de todos para meter conversa: tirar uma foto. Toda a gente sabe que as selfies foram inventadas para pessoas que viajam sozinhas ou então para pessoas que não devem importunar outras a pedir para tirar fotos parvas em frente a 3 canecas  de cerveja que se multiplicariam algumas vezes, dariam lugar aos shots de vodka, ao mojitos já no clube de dança e à dor de cabeça de hoje. Isso, hoje!
O dia em que me doem as pernas, não da ida aos museus mas de dançar como uma louca! Como já não fazia desde as minhas aulas de salsa e festas relacionadas.







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