Quino
Não tenho memória de ler os seus livros mas tenho presente a genialidade e intemporalidade da figura que criou - a Mafalda.
E do J. chegar com a sua camisa aos quadrados vermelhos e negros e aquele sorriso de miúdo que acaba de receber uma prenda há muito esperada.
O livro era espesso, capa rija, uma versão completa de algumas obras, escrito em Italiano, um objecto muito bonito, com aquele cheiro acre dos livros novos.
J. folheou, ter-me-á explicado algumas passagens e foi ali que percebi que o menino que ele sempre fora, estava ali. A doutorar medicina, amante do Ski, de rodear-se de mulheres bonitas e ainda longe de saber que nos veríamos uma última vez, em frente à praceta da estação de Campanhã. Para nunca mais saber se continuara a coleccionar o Quino, em que país vive.
Passaram onze anos sobre o nosso último email. Não estou certa que ainda tenha o mesmo endereço, mas hoje escrevi ao J.
Para lhe dizer que o Quino viverá para sempre.
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