A minha praia, sem comboio
Não me lembro da minha praia sem esse ícone de boas-vindas. Uma carruagem de comboio, das antigas, sem que eu saiba precisar pormenores da instalação, mas lá estava ela, adaptada para bar e restaurante. O que é certo é que haviam muitas teorias em torno da vinda daquele vagon para ali. Imagino outras tantas sobre a sua retirada. Para mim, o que importa é que deu segundo nome à praia, a sua identidade. E se aquela era a praia da “Neves” deixou de o ser. O comboio estava lá. Os fins de tarde eram ali. Lembro-me bem do dia em que entrei a primeira vez na parte inferior do bar, de lajes lisas e tudo aquilo me parecer absolutamente incrível, moderno e acolhedor. O mesmo pensara quando espreitei à socapa o restaurante, porque nunca lá comi, embora fosse para mim glamorosa aquela ideia de jantar ou almoçar dentro de um comboio sem nunca ter andado em nenhum, aquela data. Os regressos dos dias longos de praia eram ali mesmo, na esplanada, onde alguém sempre pagava uma saca de cheet...