Cinco segundos de um rio


O meu medo de voar não tem exactamente a ver com o medo de morrer. Tem sim, a ver com o medo de enfrentar o sofrimento, nesses cinco, dez segundos ou a exacta medida em que se dá a desfragmentação do que somos. Será um colapso apenas?
E enquanto a Chiara varria os céus da Europa e o nosso pequeno avião parecia desintegrar-se, eu tentei abstrair-me e peguei na revista de bordo. Foi quando vi uma fotografia do Tejo com aquela neblina a desvendar o Cristo Rei e a ponte  naquele porte indestrutível e eu pensei que se morresse seria com vista para o rio, desde a ciclovia com Pessoa eternizado, para onde fujo da cidade apertada de medos do mundo.


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