Ontem

Ontem, como é habitual nos fins de tarde, fui até Aveiro a mais uma aula de Inglês na esperança de algum dia ser capaz de ter uma conversa fluente nessa língua, para a qual o meu cérebro parece emitir defesas de aprendizagem há anos. Duvido que o método pelo qual ando a tentar aprender alguma vez traga resultados positivos, aliás o único resultado que vi até agora foi um notório rombo no meu orçamento de final do mês devido à mensalidade que pago pelo curso, e isto de positivo não tem nada.
Mas valha-me o convívio das aulas e a gente simpática que por lá encontro, ah…e as idas a Aveiro que me tiram da pacatez de Águeda.
Antes das aulas costumo lanchar sempre na mesma pastelaria, gosto dos croissants e da meia de leite bem quentinha que me servem e gosto de ficar por ali a dar uma olhadela no jornal. Mas depois de ontem duvido que lá volte…
Já tinha lanchado e esperava pela hora da aula, e na pastelaria só estava eu e mais uma senhora de meia-idade que costuma sentar-se sempre na mesma cadeira, na mesma mesa e está quase sempre a ler uma revista e a seguir a leitura com uma caneta na mão.
Tudo normal até que entrou na pastelaria uma senhora, que pela aparência seria uma imigrante de leste e envergava um pedaço de cartão com qualquer coisa escrito do género daqueles cartões que já estamos habituados a ler, com as necessidades sentidas e vividas. Parou e pediu-me dinheiro e acenei-lhe com a cabeça que não, ela não insistiu e foi pedir à senhora da outra mesa.
Perguntava-me como estas pessoas arriscam tudo para não terem nada! E, também sei, que não lhe dei nem 20 cêntimos, eu sei….
Por esta altura já estava o Sr. da Pastelaria muito irritado, a sair detrás do balcão e a vir em direcção a senhora que “mendigava” uns euros. O que se passou a seguir deu-me a volta ao estômago e fez-me levantar da mesa, pagar a conta e sair sem conseguir dizer nada, absolutamente nada.
O Sr. empurrou a senhora com alguma violência e ela chegou mesmo a embater na porta de vidro da saída, enquanto ele berrava palavras que nem entendi. Depois daquela cena desmedida ainda ficou a argumentar qualquer coisa e a olhar muito orgulhoso para mim quando já me preparava para pagar. Apeteceu-me perguntar se a Srª. Tinha “roubado”algum bocado à pastelaria, se tinha tratado alguém mal, se tinham causado algum incómodo…mas não consegui dizer nada, só pensei que o Sr. não agiu nada bem e não volto lá e ponto final.

Comentários

  1. A Manela indignada! e acho muito bem!

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  2. Eu acho que aquele senhor da pastelaria deve fazer parte do mesmo partido que colocou os cartazes em Lisboa contra a imigração...tenho quase a certeza que ele é defensor desse nacionalismo exacerbado!!

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