O 10 de Junho

"Portugal no Coração", directo do Luxemburgo:
Erguem-se cachecóis de Portugal, canta-se e fala-se em português (às vezes "arranhado"), diz-se maravilhas do nosso país, somos os maiores e os melhores, mas no final de contas são todos emigrantes, deixaram Portugal porque este não lhe proporcionava aquilo que desejavam, foram depositar o seu empreendedorismo noutras paragens e afirmam sempre que têm Portugal no coração e um Amor à pátria incondicional.
E no meio do programa alguém afirma "que os portugueses não precisam de adoptar outra língua, pois falam o português no Luxemburgo", num país multicultural...
Pois é uma pena que quando todos estes emigrantes do Luxemburgo e não só, regressam a Portugal nas férias falam tudo menos Português. Aliás, por vezes nem a língua do país onde vivem falam correctamente e reinventam uma "espécie" de linguagem própria que ninguém entende.
Não sei se julgam que por cá nós não entendemos línguas, mas felizmente sim e o suficiente para perceber que às vezes só mandam calinadas. Talvez se trate de uma questão de status mas irrita-me profundamente saber que no país para onde emigraram falam português com regularidade e vêm para Portugal e só falam a outra língua. Isto para não falar dos comentários depreciativos constantes que insitem em afirmar relativamente aos serviços, ao modo de funcionar de muitas coisas que temos por cá, aos nossos usos, rotinas e afins. Depois afirmam "na França é que é..", "na Suíça não é nada disto..".
Pois caros amigos nós já sabemos disso, vivemos em Portugal todos os dias do ano e sabemos as nossas limitações, os defeitos, a economia que temos, as leis que vigoram e muitos sabem que vivem um "bocadito mal". Mas vivemos cá, trabalhamos neste país, pagamos os impostos, não teremos grandes reformas (ou não teremos), temos os serviços que temos, a justiça ao seu ritmo, etc, etc. Mas escolhemos viver cá e também sabemos que quem não está bem muda-se! E foi isso que os emigrantes fizeram, não foi porque não sobreviveriam por cá porque senão não vivia ninguém em Portugal. Fizeram um opção de partir e regressam de quando em vez para ver a família, e gastar os tostões que amealharam durante o ano todo.
E fala-se da aproximação de culturas, os portugueses lá foram criam clubes portugueses, têm ranchos folclóricos, bandas de música, vivem "fechados" em comunidades portuguesas, misturam os hábitos da nossa cultura com a da residente, enaltecem a nossa gastronomia e...põem os pés em Portugal e um dos ícones da nossa identidade cultural, a nossa língua é completamente ignorada. De facto, é tudo muito "trés jolie"!.


*E como diria o Ministro Mário Lino: "Jamais, Jamais"

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