Simão, o Afilhado!

Há fins de tarde mesmo bons! E depois para terminar ainda melhor, com um simples telefonema, ouvimos a inquietude, a rebeldia, as asneirolas em pessoa, a ternura, a birra,o choro e o riso separados por segundos, o sonho, uns 5 aninhos acabados de completar!
-Olá Simão, tudo bem?
-Olha hoje tens que vir a minha casa e depois vais outra vez...
-Então mas porquê?
-Porque eu hoje faço anos e quero um camião do gas.

Palavras para quê?
O puto tem estaleca,é matreiro e tem um olhar imenso, que sobressai no seu corpo franzinito e de pele muito morena.
Rodopia, canta, grita, imita os caes, rebola, arrisca, e está sempre pronto para "trabalhar". Nas suas conversas diz que vai trabalhar e vai à caça, que um dia vai ser "grande como o pai".
E vai...tenho a certeza, mas se tiver a humildade e a força de trabalho do pai poderá ser imenso!
Futebolista não será, de certeza, troca a bola pelas máquinas, pela bicicleta, pela correria e pelos arrufos com a irmã. Mas é com as "maquinas", retroescavadoras e afins que "lavra" a relva junto à porta, e rebola com os caes e faz das roupas trapilhos e dores de cabeça à mae.
É genuíno, tem a doçura no olhar, a resposta pronta e as "macacadas" mais que ensaiadas.
Não gosta da missa porque o pai também não e não quer ser padre porque diz que vai trabalhar (pelo menos tem a noção correcta de trabalho).
E tomara que nunca perca essa vontade e essa determinação. É demasiado rebelde, mas no fundo, é um doce de criança.
E espero poder acompanhar-te de perto, dar o pouco que posso dar, educar também, a ti, à Márcia, à Bruna, à Beatriz que virá, e a outros que possam vir.
E crescer convosco! E depois, quando mais velhos, contar-vos as travessuras. E dar-vos o carinho, o beijinho e o abraço apertado, tantas vezes ignorados nas casas que partilhamos.
Curioso que não me lembro, de ter a tua idade, aliás, lembro-me de um único episódio, quando a vizinha foi lá a casa levar um pequeno folheto para inscrição na "Escolinha" e da tua avó dizer que eu não iria. E pensar que foi uma desilusão enorme para mim, porque a escolinha para mim significava liberdade e brincar com outras crianças.
Coisa que desde pequenino fazes, num ambiente tão próprio, onde já conheces cada canto e recanto desse espaço que é mais que vosso.
Também não me lembro de ter o afecto dos beijinhos, dos abraços, do embalo e do afagar do cabelo, apenas recordo a hora do biberon com o meu avó e do "brilharete" que fazia empoleirada no muro em volta da eira, com um livro na mão e papagueando histórias, que embora não estivessem a ser lidas do livro, porque ainda não sabia ler, convenciam aqueles que não sabiam que eu das letras ainda nada sabia. E saber que historias eram essas, de onde vinha a imaginação para elas não te sei dizer. Hoje e (nunca) não há beijos de boa noite, nem abraços de chegada, nem beijos de partida, mesmo que seja por muito tempo, por um dia, ou por uma noite. Estranho não é? Mas não te preocupes que terás sempre a tua conta certa.
Parabéns puto!

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