De volta a Portugalsko
Bem...desçam um pouco e voltem ao post anterior....
"Fim de semana diferente, fotografar, passear, "charme dos aeroportos", benção das malas, etc., etc..."
Pois bem, tive isso tudo e muito mais, o bilhete de ida e volta para Praga trazia bónus e bem engraçados, quer dizer, eu diria arrojados para quem tem os dias inundados por uma pacatez banal, uma normalidade às vezes, diria eu, aborrecida, sem histórias para contar.
A viagem a Praga pode-se incluir numa nova categoria de turismo que todas as agências de viagens estao para decobrir, que inclui diversão completa, altos níveis de stress, gastronomia local (com 2 idas ao Mc Donald´s grátis), exposição a situações de risco, tudo sem direito a SPA ou massagens revigorantes nem dias extra para recuperar do cansaço gerado.
Mas, apesar de tudo para mim o saldo é bastante positivo, senão vejamos...
Acenámos e envergámos desde cedo os cachecóis e as bandeiras nas filas de trâsito causadas pela manifestação dos camionistas, na 6ª feira, no Porto. Logo ai percebemos que quando Portugal se mobiliza tem mais camiões por metro quadrado que qualquer país da Europa e do mundo. Logo aí, era possível fazer um estudo sociológico e estudar as espécimes que conduziam os veículos com ar de quem esteve o dia todo na tasca a malhar finos e a comer tremoços e sandes de coiratos.
Depois, o aeroporto, a azáfama que tanto gosto de observar, ver os aviões chegar e vê-los partir e adivinhar qual será aquele que voa e nos embala até Barajas, Madrid. Aqui a surpresa não foi agradável porque qualquer avião que se encontrava por perto, batia a 100% o nosso, em aspecto e "grandeza". Logo aí trememos para a fotografia porque as alcatifas do século passado, o ar amarelado do interior da máquina, os bancos com conforto de um banco de madeira e os ruídos estranhos intermitentes, deixam qualquer passageiro com uma pontinha de duvída se chegará com vida ao destino.
Mas sim, chega-se com vida, mas com enjoos, com os ouvidos a zombir, com a cabeça tonta e o coração despegado desde o momento em que o avião beija a terra e parece que se desfaz em cacos.
Mas depois o mundo que se espera no aeroporto de nuestros hermanos é um semelhante ao ambiente vivido no Norteshopping em fim de semana ou feriado...E janta-se pela 2ª vez no mesmo dia no restaurante do Ronald, prova-se a especialidade local de Coca-Cola com sabor a metal e Hamburguer duvidoso e começa-se a saga de um fim de semana abusivamente gastronómico e de "insuflação" total, a qual nenhum Bifidus activo regularis, até ao momento, conseguiu destronar.
E começa o cansaço a chegar e a pergunta pertinente que se faz, onde dormir em tal sítio que aparenta ter apenas umas cadeiras desconfortáveis que faz com que toda a gente circule pelo imenso espaço e quase nunca as use. O "hotel" escolhido foi a sensacional cadeia de snack-bares ou cafetárias "Medas" a qual incluiu pensão completa, com empregadas de limpeza do aeroporto a toda a hora, um vizinho de quarto, perdão, de sofá com problemas de "ressonite crónica", e toda uma panóplia de situações que contribuiram para a minha primeira "directa" e o meu primeiro grande avanço no livro que levei comigo, do Domingos Amaral. A visita fugaz à Sala/Louge Vip permitiu saber que, pela módica quantia de 18 euros dormia sentada mas num sofá mais fofinho.
O pequeno almoço teve a contagem decrescente desesperada de quem precisa de café para se recompor e de um doce para subsitituir a noite de sono. Por essa altura já precisava de um fisioterapeuta para recompor os músculos das costas e do rabo, mas acima de tudo, precisava de um banho, coisa que não era possível, com água, mas tornou-se realidade com perfume caro, numa das muitas perfumarias espalhadas pelo aeroporto. Pois bem, a amostra do novo perfume da Givenchi assentou que nem uma luva numa mistura de cabelo oleoso, com camisolas amarrotadas, olheiras cavadas no rosto e a sensação de ter o corpo todo a colar.
Uns breves minutos para responder a um questionário em espanhol e aqui vamos nós para o avião da CZECH Airlines com bastante melhor aspecto e com o pessoal da tripulação que anunciavam uma amostra da população que se iria encontrar no pais de visita: mulheres loiras, altas, de olhos claros e bonitas e uma língua estranhíssima que mais parece uma cassete do Joe Berardo a falar, mas em rewind.
As próximas quase 3 horas de voo foram angustiantes para a Sónia que se viu no meio do cheiro intenso do "meu perfume" e do "perfume" com um toque de mau cheiro da pessoa que ia na coxia. Minutos mais tarde eu descobriria que o puto que ia atrás de mim não só tinha os ténis rotos e podres, como já não lavava os pés há mais de um mês. Para além disso interrompeu os meus primeiros e únicos minutos de sono com um riso histérico fruto do filme (mais que visto) do Mr. Been que passava nos ecrans do avião. E uma hora mais tarde o cheiro da salsicha frita e da omoleta irromperia pelo avião, transportado pelo sorriso daquelas mulheres lindissimas que ainda eram as que salvavam todo o cenário. Valeu o pãozinho com manteiga só para experimentar os talheres de metal, que ainda estou para perceber porque são permitidos, se nem uma pinça podemos transportar nas nossas mochilas. E passaram-se tempos e tempos e viram-se nuvens pela janela, montanhas com picos ainda envoltos de neve, e campos geometricamente desenhados e o verde da natureza quebrado pelos aglomerados das casas.
Já em Ruzine, telefonemas feitos à família e o desejo cada vez maior de mudar de roupa, eis que a surpresa para o dia de sábado estava reservada junto à passadeira da bagagem, quando finalmente me apercebo que a "benção" das malas no aeroporto de partida não tinha surtido efeito, pois simplesmente não apareceram. Aí pensou-se pela primeira vez se existira a Zara na República Checa e qualquer loja onde fosse possivel comprar as coisas necessárias e básicas numa viagem. E percebemos pela primeira vez que os Checos que trabalham em profissões que lidam com muito público também são muito antipáticos e em tudo se poderiam assemelhar ao nosso protótipo de funcionário público. Ah, e pior que tudo, têm um inglês mais básico que o meu e muito pior, e com uma particularidade, eles não gastam rios de dinheiro num curso de inglês e eu gasto!
Verificado que nem sequer tinham o registo da nossa bagagem ficamos muito mais bem dispostas e com um sorriso amarelo (vá lá que tive o bom senso de levar a escova de dentes na minha mochila)!
Feita a recepção pela amiga Mariline iniciámos a descoberta de Praga, sem malas é certo, mas com uma vontade imensa de ver as cores da cidade, percorrer cada rua, admirar as inúmeras torres ou cúpulas que a cidade tem, avistar o castelo ao longe e a Catedral de S. Vito, fazer o percurso dos reis, contar as pontes sobre o rio Vltava, ver imensos turistas, ouvir a língua portuguesa no meio de tantas outras, ouvir música na rua em cada praça, em esquina, ver as pinturas de Praga pelos olhos de artistas de rua, beber as primeiras (de muitas) cervejas numa esplanada encantadora, ver lojinhas, bares, pubs, restaurantes, botequins, carros antigos que passeiam os turistas, a euforia do euro na Praça Velha, o mercado da fruta, com imensos "souvenirs", visitar a igreja do conhecido enfant ou menino jesus de Praga, saborear os torroezinhos de cereais, ver os barcos pelo rio, sentir o calor abafado de uma Praga que nos recebe imponente, com uma aquitectura diversificada, com os toques dos dourados nas fachadas, com as pinturas da arte nova, com o fervilhar da cultura, da arte, com os edifícios tipicamente comunistas, com uma rede de trems impressionante, com as múltiplas agências de câmbio muito duvidosas, e os conhecidos centros de apostas em tudo o que há para apostar, com o cheiro intenso a frito das salsichas típicas e do queijo, com os práticos típicos que nem consigo descrever, com o Strudel no Slavia, o mais delicioso que comi até hoje, com o passo acelerado da Mariline já não suportado pelo nosso cansaço,com as malas que regressaram e devolveram a frescura à visita, com a ida ao médico para a Mariline tratar da alergia, com a visita ao Bairro Judeu, à rua "cara", aos becos onde Kafka e Mozart outrora habitaram, com a visita ao Palácio, à rua do oiro, com a vista maginífica à qual nos rendemos aos telhados e aos recortes da arquitectura vistos de uma torre que ostenta um relógio astronómico líndíssimo, com a possibilidade de beneficiar do cartão de estudante já há muito caducado, com a novidade em cada sentido a despertar. E Praga foi assim, intransigente na hora de revelar a sua beleza única, de criar em nós a vontade de um regresso, mesmo quando foi capaz de nos brindar com o que há de mais característico numa cidade turística, os assaltos.
E foi também nesse aspecto que conhecemos com pompa e circuntância os profissionais do roubo de malas e carteiras, o profissionalismo de quem rouba uma mala com tudo o que havia para roubar, mas com um toque de requinte jamais visto e uma rapidez incalculável, enquantos os nossos olhos se perdiam pela escolha da ementa e saboreavamos a cerveja e o pão de cereiais, ao som do Jazz e dos Blues mesmo ali ao perto, mas lembrando a Nova Orleães.
E é assim que nos despedimos de Praga, na última noite que se tornou dia sem dormir, com uma visita pela esquadra e pela limitação da polícia local, como o stress e as lágrimas de quem perdeu tudo, sobretudo as imagens de uma máquina fotográfica novinha em folha, com os meus nervos em franja que permitiram que restabelecesse a calma, com o meu sentimento de culpa de quem arrastou uma pessoa para todo aquele mal estar e a única coisa que podia fazer era confortá-la e garantir que voltaríamos a Portugal na data prevista, mesmo sabendo que nunca poderíamos obter resposta de uma embaixada encerrada em dia de Feriado nacional (10 de Junho) e que tem um número de emrgência que contempla horário próprio, e que, por sinal também faz feriado (e aí voltamos a pendurar os cahecóis nas orelhas) e sorrimos, um sorriso de nervos que anseia por uma resposta positiva no aeroporto, que arrisca o chek in imensas horas antes, suportado por um relatório da polícia imperceptível, mas que nos abre as portas para voltarmos a Portugal, experimentarmos mais uma relíquia da Ibéria e chegar ao Porto com um alívio tremendo por tudo ter treminado bem, com um cansaço terrível das horas não dormidas e dos kilómetros percorridos na manhã arrastando as malas procurando a Pevnostni que situava a tão digna e despreocupada embaixada do nosso Portugalsko, que... está na mesma. Agitado pela crise, pelas manifestações, pelos bloqueios, pelos aumentos de preços, pelos combustíveis, tudo num jogo de ping pong com o futebol, o Euro 2008, da febre de vir para a rua e buzinar e dar mil voltas à cidade sem nunca se lembrarem que o combustível está mais caro, com os berros e gritos de Portugal...esse "Portugal" que aplaudimos é só mesmo o Portugal musculado dos 21 vestidos de vermelho e verde que fazem girar um bola e fazem disso um espectáculo. Esse é o "Portugal" que aplaudimos, a equipa desportiva, os que correm, os resultados que conseguem...o outro Portugal, o nosso chão, a nossa pátria, o nosso governo, as nossas leis, as nossas condições de vida, não combinam com a festa,a alegria e a força do futebol. São duas coisas diferentes, são dois tipos de Portugal, o do futebol e o do real.
Voltámos a ambos, e lembro-me que no meios dos souvenirs há sorrisos para oferecer...sempre...sempre que os queiram receber!
"Fim de semana diferente, fotografar, passear, "charme dos aeroportos", benção das malas, etc., etc..."
Pois bem, tive isso tudo e muito mais, o bilhete de ida e volta para Praga trazia bónus e bem engraçados, quer dizer, eu diria arrojados para quem tem os dias inundados por uma pacatez banal, uma normalidade às vezes, diria eu, aborrecida, sem histórias para contar.
A viagem a Praga pode-se incluir numa nova categoria de turismo que todas as agências de viagens estao para decobrir, que inclui diversão completa, altos níveis de stress, gastronomia local (com 2 idas ao Mc Donald´s grátis), exposição a situações de risco, tudo sem direito a SPA ou massagens revigorantes nem dias extra para recuperar do cansaço gerado.
Mas, apesar de tudo para mim o saldo é bastante positivo, senão vejamos...
Acenámos e envergámos desde cedo os cachecóis e as bandeiras nas filas de trâsito causadas pela manifestação dos camionistas, na 6ª feira, no Porto. Logo ai percebemos que quando Portugal se mobiliza tem mais camiões por metro quadrado que qualquer país da Europa e do mundo. Logo aí, era possível fazer um estudo sociológico e estudar as espécimes que conduziam os veículos com ar de quem esteve o dia todo na tasca a malhar finos e a comer tremoços e sandes de coiratos.
Depois, o aeroporto, a azáfama que tanto gosto de observar, ver os aviões chegar e vê-los partir e adivinhar qual será aquele que voa e nos embala até Barajas, Madrid. Aqui a surpresa não foi agradável porque qualquer avião que se encontrava por perto, batia a 100% o nosso, em aspecto e "grandeza". Logo aí trememos para a fotografia porque as alcatifas do século passado, o ar amarelado do interior da máquina, os bancos com conforto de um banco de madeira e os ruídos estranhos intermitentes, deixam qualquer passageiro com uma pontinha de duvída se chegará com vida ao destino.
Mas sim, chega-se com vida, mas com enjoos, com os ouvidos a zombir, com a cabeça tonta e o coração despegado desde o momento em que o avião beija a terra e parece que se desfaz em cacos.
Mas depois o mundo que se espera no aeroporto de nuestros hermanos é um semelhante ao ambiente vivido no Norteshopping em fim de semana ou feriado...E janta-se pela 2ª vez no mesmo dia no restaurante do Ronald, prova-se a especialidade local de Coca-Cola com sabor a metal e Hamburguer duvidoso e começa-se a saga de um fim de semana abusivamente gastronómico e de "insuflação" total, a qual nenhum Bifidus activo regularis, até ao momento, conseguiu destronar.
E começa o cansaço a chegar e a pergunta pertinente que se faz, onde dormir em tal sítio que aparenta ter apenas umas cadeiras desconfortáveis que faz com que toda a gente circule pelo imenso espaço e quase nunca as use. O "hotel" escolhido foi a sensacional cadeia de snack-bares ou cafetárias "Medas" a qual incluiu pensão completa, com empregadas de limpeza do aeroporto a toda a hora, um vizinho de quarto, perdão, de sofá com problemas de "ressonite crónica", e toda uma panóplia de situações que contribuiram para a minha primeira "directa" e o meu primeiro grande avanço no livro que levei comigo, do Domingos Amaral. A visita fugaz à Sala/Louge Vip permitiu saber que, pela módica quantia de 18 euros dormia sentada mas num sofá mais fofinho.
O pequeno almoço teve a contagem decrescente desesperada de quem precisa de café para se recompor e de um doce para subsitituir a noite de sono. Por essa altura já precisava de um fisioterapeuta para recompor os músculos das costas e do rabo, mas acima de tudo, precisava de um banho, coisa que não era possível, com água, mas tornou-se realidade com perfume caro, numa das muitas perfumarias espalhadas pelo aeroporto. Pois bem, a amostra do novo perfume da Givenchi assentou que nem uma luva numa mistura de cabelo oleoso, com camisolas amarrotadas, olheiras cavadas no rosto e a sensação de ter o corpo todo a colar.
Uns breves minutos para responder a um questionário em espanhol e aqui vamos nós para o avião da CZECH Airlines com bastante melhor aspecto e com o pessoal da tripulação que anunciavam uma amostra da população que se iria encontrar no pais de visita: mulheres loiras, altas, de olhos claros e bonitas e uma língua estranhíssima que mais parece uma cassete do Joe Berardo a falar, mas em rewind.
As próximas quase 3 horas de voo foram angustiantes para a Sónia que se viu no meio do cheiro intenso do "meu perfume" e do "perfume" com um toque de mau cheiro da pessoa que ia na coxia. Minutos mais tarde eu descobriria que o puto que ia atrás de mim não só tinha os ténis rotos e podres, como já não lavava os pés há mais de um mês. Para além disso interrompeu os meus primeiros e únicos minutos de sono com um riso histérico fruto do filme (mais que visto) do Mr. Been que passava nos ecrans do avião. E uma hora mais tarde o cheiro da salsicha frita e da omoleta irromperia pelo avião, transportado pelo sorriso daquelas mulheres lindissimas que ainda eram as que salvavam todo o cenário. Valeu o pãozinho com manteiga só para experimentar os talheres de metal, que ainda estou para perceber porque são permitidos, se nem uma pinça podemos transportar nas nossas mochilas. E passaram-se tempos e tempos e viram-se nuvens pela janela, montanhas com picos ainda envoltos de neve, e campos geometricamente desenhados e o verde da natureza quebrado pelos aglomerados das casas.
Já em Ruzine, telefonemas feitos à família e o desejo cada vez maior de mudar de roupa, eis que a surpresa para o dia de sábado estava reservada junto à passadeira da bagagem, quando finalmente me apercebo que a "benção" das malas no aeroporto de partida não tinha surtido efeito, pois simplesmente não apareceram. Aí pensou-se pela primeira vez se existira a Zara na República Checa e qualquer loja onde fosse possivel comprar as coisas necessárias e básicas numa viagem. E percebemos pela primeira vez que os Checos que trabalham em profissões que lidam com muito público também são muito antipáticos e em tudo se poderiam assemelhar ao nosso protótipo de funcionário público. Ah, e pior que tudo, têm um inglês mais básico que o meu e muito pior, e com uma particularidade, eles não gastam rios de dinheiro num curso de inglês e eu gasto!
Verificado que nem sequer tinham o registo da nossa bagagem ficamos muito mais bem dispostas e com um sorriso amarelo (vá lá que tive o bom senso de levar a escova de dentes na minha mochila)!
Feita a recepção pela amiga Mariline iniciámos a descoberta de Praga, sem malas é certo, mas com uma vontade imensa de ver as cores da cidade, percorrer cada rua, admirar as inúmeras torres ou cúpulas que a cidade tem, avistar o castelo ao longe e a Catedral de S. Vito, fazer o percurso dos reis, contar as pontes sobre o rio Vltava, ver imensos turistas, ouvir a língua portuguesa no meio de tantas outras, ouvir música na rua em cada praça, em esquina, ver as pinturas de Praga pelos olhos de artistas de rua, beber as primeiras (de muitas) cervejas numa esplanada encantadora, ver lojinhas, bares, pubs, restaurantes, botequins, carros antigos que passeiam os turistas, a euforia do euro na Praça Velha, o mercado da fruta, com imensos "souvenirs", visitar a igreja do conhecido enfant ou menino jesus de Praga, saborear os torroezinhos de cereais, ver os barcos pelo rio, sentir o calor abafado de uma Praga que nos recebe imponente, com uma aquitectura diversificada, com os toques dos dourados nas fachadas, com as pinturas da arte nova, com o fervilhar da cultura, da arte, com os edifícios tipicamente comunistas, com uma rede de trems impressionante, com as múltiplas agências de câmbio muito duvidosas, e os conhecidos centros de apostas em tudo o que há para apostar, com o cheiro intenso a frito das salsichas típicas e do queijo, com os práticos típicos que nem consigo descrever, com o Strudel no Slavia, o mais delicioso que comi até hoje, com o passo acelerado da Mariline já não suportado pelo nosso cansaço,com as malas que regressaram e devolveram a frescura à visita, com a ida ao médico para a Mariline tratar da alergia, com a visita ao Bairro Judeu, à rua "cara", aos becos onde Kafka e Mozart outrora habitaram, com a visita ao Palácio, à rua do oiro, com a vista maginífica à qual nos rendemos aos telhados e aos recortes da arquitectura vistos de uma torre que ostenta um relógio astronómico líndíssimo, com a possibilidade de beneficiar do cartão de estudante já há muito caducado, com a novidade em cada sentido a despertar. E Praga foi assim, intransigente na hora de revelar a sua beleza única, de criar em nós a vontade de um regresso, mesmo quando foi capaz de nos brindar com o que há de mais característico numa cidade turística, os assaltos.
E foi também nesse aspecto que conhecemos com pompa e circuntância os profissionais do roubo de malas e carteiras, o profissionalismo de quem rouba uma mala com tudo o que havia para roubar, mas com um toque de requinte jamais visto e uma rapidez incalculável, enquantos os nossos olhos se perdiam pela escolha da ementa e saboreavamos a cerveja e o pão de cereiais, ao som do Jazz e dos Blues mesmo ali ao perto, mas lembrando a Nova Orleães.
E é assim que nos despedimos de Praga, na última noite que se tornou dia sem dormir, com uma visita pela esquadra e pela limitação da polícia local, como o stress e as lágrimas de quem perdeu tudo, sobretudo as imagens de uma máquina fotográfica novinha em folha, com os meus nervos em franja que permitiram que restabelecesse a calma, com o meu sentimento de culpa de quem arrastou uma pessoa para todo aquele mal estar e a única coisa que podia fazer era confortá-la e garantir que voltaríamos a Portugal na data prevista, mesmo sabendo que nunca poderíamos obter resposta de uma embaixada encerrada em dia de Feriado nacional (10 de Junho) e que tem um número de emrgência que contempla horário próprio, e que, por sinal também faz feriado (e aí voltamos a pendurar os cahecóis nas orelhas) e sorrimos, um sorriso de nervos que anseia por uma resposta positiva no aeroporto, que arrisca o chek in imensas horas antes, suportado por um relatório da polícia imperceptível, mas que nos abre as portas para voltarmos a Portugal, experimentarmos mais uma relíquia da Ibéria e chegar ao Porto com um alívio tremendo por tudo ter treminado bem, com um cansaço terrível das horas não dormidas e dos kilómetros percorridos na manhã arrastando as malas procurando a Pevnostni que situava a tão digna e despreocupada embaixada do nosso Portugalsko, que... está na mesma. Agitado pela crise, pelas manifestações, pelos bloqueios, pelos aumentos de preços, pelos combustíveis, tudo num jogo de ping pong com o futebol, o Euro 2008, da febre de vir para a rua e buzinar e dar mil voltas à cidade sem nunca se lembrarem que o combustível está mais caro, com os berros e gritos de Portugal...esse "Portugal" que aplaudimos é só mesmo o Portugal musculado dos 21 vestidos de vermelho e verde que fazem girar um bola e fazem disso um espectáculo. Esse é o "Portugal" que aplaudimos, a equipa desportiva, os que correm, os resultados que conseguem...o outro Portugal, o nosso chão, a nossa pátria, o nosso governo, as nossas leis, as nossas condições de vida, não combinam com a festa,a alegria e a força do futebol. São duas coisas diferentes, são dois tipos de Portugal, o do futebol e o do real.
Voltámos a ambos, e lembro-me que no meios dos souvenirs há sorrisos para oferecer...sempre...sempre que os queiram receber!
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