E tú qué has hecho?

O tecto continua ali, a música dilui os ruídos que me são estranhos...vejo que depois do verão o pouco bronzeado que se ganha perde-se e apesar do silêncio dos políticos (segundo a TV), há quem volte à vida normal...
à vida tão normal quanto aquela que dizia, outrora, que seria diferente depois das férias, depois de carregar as baterias,das passeatas, do "dolce fare niente", das festas...
Eu como sou uma pessoa complicada e daquelas que se insere algures num quadro comum patológico arrojado e com um nome pomposo, gasto os últimos dias das férias preocupada com o regresso, como se este mais não fosse que apanhar a A1 ou a A29, estabelecer-me por Águeda e trabalhar, ou seja, fazer o que qualquer pessoa normal faz...menos aqueles que vão para ilhas paradisíacas ou até mesmo para o Algarve, não viram a conta bancária descer durante o mês de Agosto, mesmo que tenham comido marisco todos os dias. Menos para esses e para parvos como eu.
Chego à conclusão que devem ser poucas as pessoas que fazem tantas contas à vida como eu e, imagine-se, não fui para Economia,...ou melhor andei lá perto, mas com um pé na Estatística e outro nas ciências sociais e preocupadíssima em não cair na Matemática. É lixado quando sabemos das nossas limitações...
Mas voltando às contas da vida, faço contas de somar às preocupações e nem sequer sei dividir o tempo bom do mau, multiplico hipóteses e parece que trago a felicidade constantemente dentro dos parêntises.
Isto não mais parece senão um daqueles versos baratos, mas na verdade questiono-me tantas vezes sobre o que sou, o que vivo, o que aproveito, o que choro, o que rio, o que falo, o que não consigo calar, o que guardo bem escondido, o que temo, o que gostaria de cantar, a amizade que (não)partilho e tanto mais...Não são contas de dinheiro, são de emoções, de sonhos, de sentimentos, de vivências, de vontades, de realidades...
E sou medricas, não arrisco, fico a sonhar, mas sonhos que não comandam, antes arrastam, confundem,e não passo da A1 e da A29...estradas que me levam velozmente para o vazio. Porque assim permito, e depois destas "contas" feitas nada mais mereço do que ouvir a realidade, a realidade num espelho que reflecte a verdade de que nunca vou estar bem em lado nenhum, com ninguém, e sempre insatisfeita com o que quer que faça, mesmo que seja alguma coisa.
E vai-se toda a perfeição que sempre sonhei, sempre expectei e volta tudo ao mesmo...
O melhor de tudo seria eu não estar para aqui a escrever baboseiras, não precisar sequer de abrir um "banalidades" e escrevinhar à toa, mas onde iria eu lamentar-me desta maneira desastrosa e infantil?
E vejo todos a afastarem-se e vejo-me onde nunca quis estar, onde se respira solidão, onde sou aquilo que não sou...
"E tú qué has hecho?"...
o bolero do Compay Segundo é bem melhor que isto...

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