Histórias do Pai Natal...Again
Dos dias de Natal sobram sempre a barriga inchada, o sono desmedido e os bocejos na primeira missa da manhã, a mesa cheia de bolo rei, crepes com chocolate, nozes e avelãs, os restos dos embrulhos que desvendaram os brinquedos e os presentes modestos.
Deste Natal sobra a história (reinventada) do Pai Natal. Não houvesse um pequeno Simão curioso, "perguntador" e observador.
A tarde decorria em volta do fogão, na confecção das únicas receitas que me proponho fazer: um bolo qualquer e crepes.
Grande coisa diriam, mas para mim é mais que suficiente e um esforço imenso porque detesto cozinha.
O pequeno Simão rodopiava lá fora na trotinete na companhia da irmã, quando "estala a bomba"...entra pela cozinha a correr e a gritar "- Madrinha, Madrinha aquelas prendas que estão na sala são para nós?"
E foi o início de uma grande confusão. A irmã, mais sabida, tinha um sorriso de quem já sabe o que se passa e eu figuei gaga por completo.
Como poderia eu contrariar a história do Pai Natal que vem da Polónia entregar as prendas a todos os meninos? Como poderia eu explicar-lhe que o Pai Natal que desceu de pára-quedas junto da escolinha, para lhe entregar rebuçados e prendas,não é um Pai Natal verdadeiro? Como poderia contrariar a explicação dada horas antes, pelo facto do Pai Natal não estar na sua casa do Shopping de Viana, que ele insistiu tanto em visitar?
Sem mais hesitações expliquei que aquelas prendas que ele tinha visto através da janela da sala eram para uns meninos de Águeda. Pior a emenda que o soneto.
- Então o Pai Natal não passa em Águeda?
Não queria desmoronar o imaginário do miúdo e então lá foi mais uma mentira... - O Pai Natal não é imenso, não consegue distribuir as prendas todas por todo o mundo e por isso telefona às pessoas para pedir que sejamos nós a entregar as prendas pelos meninos. Mas isso é só em alguns sítios e garanti que por cá ele iria passar.
Parecia mais tranquilo e eu fiquei mais aliviada. Não seria justo que essa fosse a primeira grande desilusão do miúdo.
Vontade não me faltou de lhe dizer que o Pai Natal não existe para além da nossa imaginação, que vão ser muitas as desilusões para além desta, que vai descobrir que há pessoas más, cruéis, que serão poucos ou nenhuns os verdadeiros amigos, que irá conhecer oportunistas e pessoas falsas, pessoas que ora nos são muito próximos ora nos ignoram por completo, que vai viver num mundo demasiado difícil e bem diferente do ambiente que se vive na oficina do Pai Natal. E que, afinal de contas, a tia lhe mentiu e preparou toda a cena em que os sacos de prendas aparecem misteriosamente à porta, depois dos cães se fartarem de ladrar e do alarme do carro disparar e da explicação para tudo isto ser a passagem do Pai Natal com as suas amigas renas.
Tudo isto porque já lá vai o tempo em que se esperava pela manhã do dia de Natal para ver o que tinha sido deixado na árvore de Natal, junto do sapatinho. Mas como é preciso visitar outros familiares e todos querem ter a "cerimónia do abrir prendas", inventam-se estes "pequenos teatros"...
Deste Natal sobra a história (reinventada) do Pai Natal. Não houvesse um pequeno Simão curioso, "perguntador" e observador.
A tarde decorria em volta do fogão, na confecção das únicas receitas que me proponho fazer: um bolo qualquer e crepes.
Grande coisa diriam, mas para mim é mais que suficiente e um esforço imenso porque detesto cozinha.
O pequeno Simão rodopiava lá fora na trotinete na companhia da irmã, quando "estala a bomba"...entra pela cozinha a correr e a gritar "- Madrinha, Madrinha aquelas prendas que estão na sala são para nós?"
E foi o início de uma grande confusão. A irmã, mais sabida, tinha um sorriso de quem já sabe o que se passa e eu figuei gaga por completo.
Como poderia eu contrariar a história do Pai Natal que vem da Polónia entregar as prendas a todos os meninos? Como poderia eu explicar-lhe que o Pai Natal que desceu de pára-quedas junto da escolinha, para lhe entregar rebuçados e prendas,não é um Pai Natal verdadeiro? Como poderia contrariar a explicação dada horas antes, pelo facto do Pai Natal não estar na sua casa do Shopping de Viana, que ele insistiu tanto em visitar?
Sem mais hesitações expliquei que aquelas prendas que ele tinha visto através da janela da sala eram para uns meninos de Águeda. Pior a emenda que o soneto.
- Então o Pai Natal não passa em Águeda?
Não queria desmoronar o imaginário do miúdo e então lá foi mais uma mentira... - O Pai Natal não é imenso, não consegue distribuir as prendas todas por todo o mundo e por isso telefona às pessoas para pedir que sejamos nós a entregar as prendas pelos meninos. Mas isso é só em alguns sítios e garanti que por cá ele iria passar.
Parecia mais tranquilo e eu fiquei mais aliviada. Não seria justo que essa fosse a primeira grande desilusão do miúdo.
Vontade não me faltou de lhe dizer que o Pai Natal não existe para além da nossa imaginação, que vão ser muitas as desilusões para além desta, que vai descobrir que há pessoas más, cruéis, que serão poucos ou nenhuns os verdadeiros amigos, que irá conhecer oportunistas e pessoas falsas, pessoas que ora nos são muito próximos ora nos ignoram por completo, que vai viver num mundo demasiado difícil e bem diferente do ambiente que se vive na oficina do Pai Natal. E que, afinal de contas, a tia lhe mentiu e preparou toda a cena em que os sacos de prendas aparecem misteriosamente à porta, depois dos cães se fartarem de ladrar e do alarme do carro disparar e da explicação para tudo isto ser a passagem do Pai Natal com as suas amigas renas.
Tudo isto porque já lá vai o tempo em que se esperava pela manhã do dia de Natal para ver o que tinha sido deixado na árvore de Natal, junto do sapatinho. Mas como é preciso visitar outros familiares e todos querem ter a "cerimónia do abrir prendas", inventam-se estes "pequenos teatros"...
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