Morada/Rua/Beco/Avenida

Há muita coisa que pode correr mal quando estamos convictos de que temos uma morada e, afinal de contas, não é aquela que todas as entidades, de repente, se lembraram de rejeitar.
Há cerca de 10 anos eu vivia no Lugar de Belinho - Antas (tão somente). Depois, chegou o arruamento à civilização e passou a haver nome de rua. Só mais tarde vieram os números das portas. Desde aí, a minha morada tinha o nome do Poeta que fora nosso vizinho* - Rua Poeta António Correia de Oliveira, nº 6, embora no início do caminho fosse colocada a placa "cangosta dos Caseiros", alusiva às famílias do meu avô. Placa essa que foi arrancada do muro (não se sabe bem porquê e por quem) e milagrosamente reposta, uns meses depois. E é esta placa que vem originar a confusão passado todos estes anos em que decidiram dar nome aos becos e aos caminhos. E vem-nos impor a mudança de morada para tudo quanto é serviço, caso contrário toda a correspondência é devolvida porque o "carteiro" não é da terra e não está para procurar a casa.
E devolvendo a correspondência permite que, por exemplo, a empresa que o tal senhor dos objectivos dirige corte de imediato a luz, não olhando a incómodos, a nomes de ruas, becos ou avenidas.




*O poeta escreveu assim:
O perfume

O que sou eu? – O Perfume,
Dizem os homens. – Serei.
Mas o que sou nem eu sei...
Sou uma sombra de lume!
Rasgo a aragem como um gume
De espada: Subi. Voei.
Onde passava, deixei
A essência que me resume.
Liberdade, eu me cativo:
Numa renda, um nada, eu vivo
Vida de Sonho e Verdade!
Passam os dias, e em vão!
– Eu sou a Recordação;
Sou mais, ainda: a Saudade.

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