Viagens

Nas minhas viagens de carro penso em tudo. Observo, rio sozinha, ponho a música nas alturas até que a voz da locutora reaparece e baixo novamente o volume. Decoro nomes de terras. Imagino como serão as rotinas das gentes das terras por onde passo. Vejo as pessoas nos outros carros. Imagino vidas.
Parece-me que somos mais atentos quando a realidade nos é estranha. Somos mais permeáveis à paisagem. Tudo nos impressiona mais facilmente porque nada do que vemos é habitual aos nossos olhos.
É por isso que se formos uma única vez à Torre Eiffel vamos adirá-la muito mais do que se lá passarmos todos os dias. Falo de paisagens humanas. O mar será sempre bonito, o rio e a foz da minha terra hão-de ser sempre generosos em beleza.
Do nome das terras penso com frequência na sua origem. Não raras as vezes penso para mim mesma que depois vou pesquisar a existência daquele nome, desistindo porém de tal tarefa histórica.
Manias.
Ontem passei pela indicação de Alhandra. Uma pequena localidade perto de Vila Franca de Xira. O nome trouxe-me à memória os pasodobles que tocávamos na Banda. Tudo isto parece disforme não estivesse este nome retido no meu subconsciente desde os dias em que ensaiava "Uma noite em Granada" e "Alhambra". Para mim a "Alhambra" sempre foi Alhandra, sem nunca ter lá estado e sem saber, efectivamente, onde era. Aliás, nunca estive em Alhandra nem em Alhambra.

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