Elina





Atravessa o corredor em direcção á sala da música, sorridente, elegante, muito bonita, de pele muito branquinha, envergando um Stradivarius e sorri. Depois faz uma pequena pausa, num silêncio de olhos fechados quebrado por uma respiração que dá início ao que eu chamo um momento prodigioso. Interpreta a Ciaconna parte de uma partitura que Bach escreveu para violino solo. Pela particularidade da obra investigo um pouco mais da mesma e a Wikipedia refere que terá sido escrita pouco tempo depois da morte da primeira mulher de Bach, Barbara. Só isso explica a intensidade que reveste ou, pelo menos, a Elina assim a dedilhou levando-me a pensar que ela, tal como os outros músicos de câmara presentes são pessoas diferentes pelo seu trabalho pois há muito de genialidade, de capacidades que mais ninguém tem. Também representa muito trabalho, mas há muito para além disso e estas pessoas vivem momentos únicos e fazem-nos sonhar levados por esses minutos em que devolvem concentração, energia e entusiasmo.

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