Partidas e Chegadas
Apetece-me escrever sobre momentos, sobre as partidas e chegadas. Das viagens. Das minhas viagens de comboio.
Parece-me que nas estações de comboio não se vê o fervilhar de emoções que vemos nos aeroportos...é como se as ausências entre as pessoas fossem menos prolongadas e as vidas não estivessem tão penduradas.
Neste vai e vem do Sul para o Norte (e vice-versa), da "minha janela", observo, em cada estação o momento em que pais reencontram os filhos, namorados se perdem em beijos profundos e abraços efusivos, desconhecidos se cruzam numa pressa que não lhes levanta o olhar do chão, amigos sorriem aos que esperam e aos que chegam e onde até os cães e os gatos fazem parte deste ritual de chegada e de partida.
A chegada e a partida que se confundem e vestem o papel uma da outra, transformando as horas em bons ou maus momentos.
Penso nas pessoas, não só naquilo que são, para onde vão, o que fazem mas também o que vivem, o que sentem...penso no porquê das raparigas serem mais espontâneas e vivas quando abraçam, quando reencontram o pai, a mãe, o namorado ou alguém amigo...penso no porquê dos rapazes apenas receberem do pai uma palmada nas costas e trocarem com a mãe um beijo tímido.
Penso no que as pessoas dão e no que recebem.
Penso na minha chegada, no abraço que me espera e que procuro imortalizar em tantos momentos, mesmo quando a partida significa incerteza.
Da minha janela vejo os relógios gigantes das estações, relembrando o factor tempo, vejo o dispersar das pessoas devolvendo aos lugares a solidão dos carris vazios.
Na partida e na chegada os sonhos e os desejos viajam connosco, acomodados em classe turística e sem precisarem de desconto e sempre à espera da próxima estação.
Pelos vistos, tal como eu, aprecias o combóio como meio de transporte. Nice!
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