Da mentira

Há muitos Lances por aí, disso não tenho dúvidas.
Pessoas respeitáveis, reconhecidas socialmente, tidas como pessoas de bom caráter e de valores humanos. Pessoas comuns, humildes ou até mais arrogantes. Pessoas que conhecemos ou que são completamente incógnitas.
Pessoas que, ao contrário do desportista, nunca serão capazes de assumir o erro para si, nem tão pouco perante os outros. Pessoas que dissimulam a verdade, as histórias, os acontecimentos, a realidade porque, aparentemente, consideram que aquilo que fazem é correto. Pesoas que assumem a sua verdade como uma esfera de pureza, de tranquilidade, de orgulho neles próprios onde apenas cabem eles mesmos e todos aqueles que têm o dom da complacência e da capacidade de acreditar e confiar e vivem na escuridão.
E não sei como toda esta gente dorme descansada, como não tem escrúpulos ao ponto de dizer uma coisa e fazer outra, como tudo assume uma normalidade mascarada sem ponta de remorsos.
E nós mesmos? Onde está a mentira em nós, no que somos? Quando seríamos capazes de revelar a nossa culpa, tal e qual o homem vencedor que, durante duas horas e meia, deita por terra toda uma vida, um ícone, uma imagem, uma personalidade?
Na mentira, na imperfeição ou na omissão o tempo sempre se impõe como um corretor de palavras, sublinhando a incoerência.

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