O pensamento


Está tudo ali. São pessoas, rotinas, afetos, pensamentos, emoções, dias que passam dentro das paredes confidentes da casa cor-de-rosa.
É o filme em que nos rimos das piadas certeiras, daqueles que mais sentem a divisão do mundo entre loucos e os outros. Ou será o contrário?  
E quantas vezes não temos aquele cavalo alucinado dentro de nós, quantas vezes não somos capazes de ir mais além do que a "Batalha", quantas vezes não pensamos em tudo o que seja uma espécie de ponte para resolver o problema que deitamos por ali abaixo até que se perca nas profundezas do Douro, ou de outro rio qualquer.
E serão os loucos aqueles que não conhecem ninguém?
As cenas que mais me marcaram: a interpretação do quadro, o diálogo do guitarrista cego no jardim e o sofrimento explicado por quem se deixou vencer pelo amor de uma Rosa.



"Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento...

Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado...
Pára e fica e demora-se um momento.

Pára e fica na doida correria...
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora...
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora."

Ângelo de Lima, in 'Antologia Poética'


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