Hoje vi amor



Enquanto corria. Não sei se é da falta de sol que me tolda o espírito mas estou cada vez mais sensível a pequenos pormenores. Ia num pequeno trilho, no bosque junto ao lago e um vento forte nada normal nestas paragens fez um rodopio de folhas. Desejei fotografar aquele momento, parecia um pequeno tornado de folhas secas a erguer-se à minha frente.  Em redor as árvores agora já mais despidas e as cores de Outono mais carregadas. E ali estavam eles, caminhando abraçados, num só, num beijo colado e as folhas rodopiavam à sua volta. Ela caminhando de costas e ele guiando-a...com um beijo. Alheios a tudo. E o cão que os acompanhava brincava distraído, alheio ao beijo demorado.
Para eles não existia vento, não existiam as poças de água no chão, nem tão pouco paisagem.
Eu eu segui de sorriso nos lábios porque afinal de contas estava tudo ali.
Depois, deparei-me novamente com uma curiosidade desta sempre surpreendente cidade. Sempre que passou por outras pessoas a correr dizem olá (Cześć) ou simplesmente fazem um aceno com a mão. E eu, quase sem conseguir responder morta de cansaço, vou devolvendo um sorriso. Isto fez-me lembrar quando aprendi que no mar quando há embarcações próximas todos se cumprimentam, em jeito de respeito e companheirismo. E prossegui pensativa, galgando pequenos troncos e galhos de árvores caídos.
Porque, de um modo, ou de outro, hoje vi amor!

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