Quanto vale uma vida?

Trinta minutos de autocarro entre Owinska e Poznan.
Dentro de um autocarro transformado em forno, onde gente se acotovelava num regresso da pequena praia criada junto ao lago.
E ela lá ia, no último banco, de cabeça tombada, num sono profundo, sendo já motivo de troça dos miúdos eufóricos nos bancos à volta. E saíram estes e vieram outros e eu achava cada vez mais estranho a indiferença aos solavancos do autocarro, ao toque intermitente do telemóvel, às travagens consecutivas. E separavam-nos duas fileiras de bancos e eu sentia-a cada vez mais pálida mas as minhas ações não passaram de suposições na minha cabeça e interrogações. E quando já na última saída se dá o alerta ao motorista perante a indiferença de todos que foram saindo eu pensei que tinha visto a morte sem nada fazer para o evitar.
E continuava imóvel, de cabeça tombada, até que perante a insistência do motorista recuperou os sentidos e eu um pouco menos de culpa por ter feito uma viagem a olhar para aquele compasso de existência e a fazer perguntas tolas.


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