O frio (nos museus também)
Eu não me queixo do frio porque é uma coisa natural. É certo que se viessem os - 39 graus da costa leste Americana morreríamos todos e o facebook fechava com a quantidade de fotos de termómetros que íamos partilhar.
Eu queixo-me do que temos de pagar para manter as casas quentes e compreendo perfeitamente a EDP quando se recusa a pagar a taxa extraordinária de energia ao Estado. Aquilo é uma pipa de massa, tal como a última factura da luz que recebi depois de ter ligado o meu querido Becken.
Ele nem teve tempo de dar todos aqueles estalinhos próprios de um aquecedor a óleo. O meu peso na consciência era tal que o desliguei dez minutos depois. O suficiente para que os dígitos rodassem naquela factura acompanhada de uma carta simpática com a informação de que os preços vão ser actualizados. Eu nunca vou entender aquelas facturas, nem mesmo se tirar um doutoramente em física quântica. Se há pessoas que não compreendem os seus recibos de vencimento pela complexidade de rúbricas e de linhas de impostos é porque nunca leram uma factura da EDP. As palavras mais usadas são impostos e taxas.
De resto, hoje terei conhecido as três pessoas que devem padecer mais de reumático do que eu e que trabalham num edifício gelado. Bonito, mas gelado. Uma vénia a eles que passam ali os dias de um lado para o outro, já conhecendo em detalhe as vestimentas, seja do período Rocaille ou romântico.
Se os manequins falassem também se queixariam do frio e agradeceriam o peso da história que, felizmente, trouxe evolução no tamanho dos sapatos e no uso opcional do espartilho.
- Em que séculos estamos, filho? - pergunta uma mãe enquanto explicava os objectos dispostos na vitrina, reforçando que são do séc. XVIII.
O miúdo tem pouco mais de seis anos e eu já estava de ouvido atento à espera que dali saísse uma resposta mais completa do que qualquer entrada na Wikipédia.
-Está frio mãe. Vamos ao jardim?
E eu sorri, saí porta fora e fui gozar o que de melhor tem o espaço. O parque, as hortas e as matas. Porque frio por frio, a céu aberto é muito melhor!
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