O Porto do S.João
Na Rua das Flores a tarde escalda num vaivém de pessoas, todas diferentes e todas iguais. Todas desinteressadas pelo que a cidade nos grita, à margem de tudo o que é tão evidente e que se ouve nos martelos a zunir, vê-se nas esplanadas cheias, nos enfeites das ruas, nos excessos em cada artéria da cidade .
E sobe aquela massa de fumo, pairando o cheiro a sardinha e fazendo do Porto um enorme fogareiro. Mas devolvendo esse manto leve e fino, muito semelhante ao nevoeiro que faz do Porto o Porto. Um pouco triste, saudoso e sempre com aquela mística de nem tudo revelar.
Na Ribeira estala o fogo, na noite em que não há horas para acabar o dia e vejo-me apertada numa multidão, no Miradouro da Vitória, a seguir o rasto dos balões. Uma multidão e ao mesmo tempo todo aquele vazio a gritar.
Pareceu-me mais triste ainda, o Porto.
A festa com hora marcada, por vezes, é como aquele olhar que fazemos quando, antes de nos tirarem uma foto, alguém diz "faz um ar natural".
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