A lonjura do Leslie

Neste momento passa o furacão Leslie. Não sei que nível de intensidade leva, se ainda é furacão ou se é tempestade tropical ou se é apenas vento. 
A luz tem intermitências, os estores parece que vão partir e as janelas são, seguramente, a prova de que o isolamento da caixilharia é zero. 
A Billy é uma gata disfarçada de cão, de orelhas para trás, tentando perceber o que se passa. 
Oiço sirenes de emergência. E é então que me lembro dessa grande diferença da cidade para a aldeia. Na aldeia estaríamos a perguntar quem teria sido, ligaríamos aos mais próximos, dependendo da direcção que pensássemos tomar o som. E ficaríamos nessa quase oração de silêncio, respeito e temor, até que as geografias e as pessoas tomassem o seu tempo para se espalhar as notícias. Fossem elas boas ou más.
Já alguém escreveu sobre isto, é um facto. E na altura, quando o li pensei nessas primeiras vezes, em que me detinha na rua quando via um carro de emergência a passar. Com a grande diferença que, numa cidade, nunca esperamos que sejam os nossos porque há muitos outros e há sempre uma lonjura em tudo. Mesmo quando se trata de um furacão.


Convento de Mafra | 13.10.2018

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