Nomes e cores
Hoje, naquele reboliço de máquina de senhas avariada, pessoas diferentes a chamar pelo nome de outras pessoas diferentes fixei-me nisso. Nos nomes delas. Na expressão do seu rosto, naquilo que faziam enquanto esperavam para realizar os exames médicos. E nas cores das paredes do hospital, das fardas, dos detalhes da comunicação que nos entra pelos sentidos, desde o primeiro minuto que chegamos.
Gosto de verde-água mas aquele parece um pouco mais frio do que aquele verde que gosto. Ou então é de me saber dentro de um hospital.
Foram muitos os nomes, uns mais convencionais, outros mais arrojados. Os que eu diria que serviam na pele daquela pessoa, outros que não eram delas. Como quando chamaram a senhora com apelido Borda D'Água. Ou quando não encontraram a minha marcação de exame porque me assumiram Maria. Apenas uma pessoa me chamava Maria e não estou certa que hoje reagiria se ouvisse da sua voz chamar-me assim.
E nesse ruído de sons, de vozes, de silêncio, de olhos cravados no chão, de chamadas telefónicas que deveriam ser proibidas, eu confirmei novamente que os hospitais evocam fragilidade.
Mesmo que te chamem pelo nome.
De seu nome Rosa >> Rua da Rosa | Terceira - Açores, Agosto de 2018
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