O elefante

Um elefante entrou numa loja de porcelanas. E de velharias. Deteve-se com o homem do piano, cigarrilha na boca e olhar adentro. Desses olhares que não podemos desviar porque falam. É quase o Palma a cantar "o meu amor tem lábios de silêncio", sem Whisky. Não era essa a música que soava, mas foi dela que o elefante se lembrou.
O elefante viajou no tempo, pensou muito, fez a cronologia dos momentos de cada sítio que pisou. Dali, a poucos metros das escadas das sereias e da calçada de Monchique até à outra margem. 
Com lábios de silêncio. E sem estragos de maior. Um tanto a salvo da loucura. Ou talvez não.





Armazém | Porto, 20/10/2018

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