Réstia de manhã

Dobrei a rua nessa mecânica das manhãs. Não importa o dia da semana, oiço a mesma estação de rádio, curvo a rua passando por todos os carros em frente ao colégio e sigo na rua estreita onde não tenho visto a avó com o neto. Terá mudado de escola? Mudaram de cidade?
Depois de uma rábula, oiço a música que prometi a mim mesma lembrar-me dela. Mas agora não me lembro. Juncker ou a Theresa May teriam dançado com ela. Mas eu não dancei. A manhã pedia "Voltar" do Rodrigo Leão mas não chovia, não havia amor no peito e eu não queria chorar. Mas eu acordei com essa música e não ter sido o Adeste Fidelis, como a semana passada, já foram acordes de sorte.
Ao descer a calçada lembrei-me do que dissera ontem - eu não gosto de réstias! Mas como, se pode ser o fim de algo bom e não apenas no sentido redutor que lhe atribuí? Nesse sentido de porção de um todo, um pedaço de algo. 
E se for uma réstia de esperança, de luz de um dia, de imaginação para um trabalho, de amor por alguém, do inverno, porque não? De uma canção. Essa, que não me lembro. 
Posso gostar de réstias, outra vez? 



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