Sobre o 30.12.2014


Estava naquela abóbada de luz do aeroporto de Lisboa, junto às lojas e aos cafés. Abri o livro "Não se encontra o que se procura", do MST e aquele parágrafo fez-me sentido. Horas antes, uma despedida de encurtar os minutos e de abrir um fosso de dúvidas.
Li aquele parágrafo e lembrei-me de "Quero é viver" do Variações, mas na voz do Camané. Voei para Berlim, onde uma noite fria com neve me esperava. Arrastei a mala pesada vários quarteirões e pedi ajuda à polícia. Cheguei ao hostel, dormi num quarto lotado de gente que nem cheguei a ver. Na manhã seguinte a água do banho era tão fria que talvez aí tenha dito que não dormiria mais num hostel.  
Não veio a A. mas vieram os outros e mudamo-nos para o hotel familiar junto do Parque. Nos desejos do 31 todos quisemos tanta coisa, uns procuraram, outros simplesmente entregaram-se ao que estava por vir.
Passaram quatro anos, desde aí eu voltei a dormir num hostel, escrevo com mais certezas projecções em vez de projeções, não voltei a ver alguns daqueles que posaram na foto junto ao muro de Berlim mas todos sabemos que a vida, a vida é sempre uma curiosidade.

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