Todas as coisas maravilhosas

O alçapão. 
Esse momento em que o medo ou a certeza de que algo vai correr mal nos invade e ficamos ali, imóveis. Ou talvez não. 
Ou sentimos o tal arrepio, não tão semelhante ao que ele sentia quando ouvia Elis Regina. Ou quando eu ouvi "a gente vai continuar" do Jorge Palma, pela voz crua do Ivo. 
Talvez essa seja uma das coisas maravilhosas dessa lista. A música do Palma. Acrescentaria, o mar. Em tudo o que dele podemos sorver com os cinco sentidos. E um sexto, para o chorar. 
Uma lista que começa em gelados e vai até um milhão de possibilidades. Eu diria que é infinita. 
De criança até adulto, até se reconciliar com essa própria lista, já depois de perder quem nunca se interessou por ela e de amar quem mais vida deu à mesma. 
Retive o número trezentos e vinte. Porque acabei o dia com uma discussão feia e pedi desculpa no final. Não será tanto o pedir perdão depois de uma zanga mas é o mais próximo daquilo que é reconciliador.
Morte, suicídio, dor, tristeza, família, alegria, timidez, amor, separação.
Em tudo isto não há lista que nos possa salvar, mas, seguramente, viveremos todas as coisas maravilhosas antes mesmo de as lembrar.


[Todas as coisas maravilhosas, com Ivo Canelas, a partir do texto de Duncan Macmillan  >> mercado Time Out >> 15.01.2019]

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