Teledisco
Desci a Avenida e ali, no cruzamento com a Rua Barata Salgueiro eu desejei todas as chuvas de Março para escorregar na calçada, todos os semáforos em vermelho, que o céu cerrasse enfim a noite e ele ficasse ali. Com o saco do fato dobrado ao meio, a impaciência a desfiar minutos no modo como olhava o relógio, passava a mão pelo cabelo e me olhava do lado oposto da rua. Perdão. Não a mim.
Ao bulício de uma rua inteira num fim de tarde.
Mas se eu pudesse ser, era o ponto zero dessa rua, batia-lhe no ombro ao cruzar a passadeira ou ficava ali a fumar. A ser personagem de um teledisco.
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