Ping Pong
Sempre que cruzo aquela cancela olho para a direita para a mesa de ping pong , lá ao fundo, junto à latada. Nunca está lá ninguém e isso é um desafio consumado. Mas hoje estava. Dois homens, aparentemente pai e filho, jogavam com aquela seriedade de quem conta os pontos e decide de quem é a vez de começar nova jogada, atirando a bola para o outro, fazendo-a estalar na mesa com aquele "ploc". Eu vou em modo de corrida mas isso arranca-me para horas e horas naquela Fusinato, da via Marzolo. Dá vontade de deixar a corrida e ir lá pedir para jogar um bocadinho. E lembro-me dele. Alto, magro, aquele cabelo negro em desalinho e aquele sorriso rasgado. E de todas as vezes que nos bateu em todos os torneios que organizámos naquela sala, no piso térreo do dormitório. Pergunto-me o que será do J.. Da última vez que soube dele, pelos jornais, era o rosto de uma desgraça que lhe viria a dar páginas de jornais sobre como resgatar da dor os sobreviventes de uma tragédia. Imag...