Bandeira da paz
Naquele final de Fevereiro de dois mil e quatro, na noite de Carnaval, eu deixei a praça de S.Marcos nesse lamento antecipado de quem não volta às suas ruelas, aos canais, ao cheiro da acqua alta, aos becos dos vaporettos. Regressei, madrugada fora, à velha residência em Padova, peguei em tudo que deixara arrumado no quarto, tirei aquela bandeira da janela, entrelacei-a na mochila e segui para o aeroporto.
Essa bandeira, era exactamente igual a milhares de bandeiras que se viam, por essa altura, em todas as fachadas do Norte de Itália. Eu não sabia nada sobre essa bandeira, sobre as ideias, as lutas, os movimentos, sobre as pessoas por detrás dessa bandeira. Chamem-lhe ignorância ou estupidez, o que quiserem.
Também ainda não sabia, nessa altura, que viria a ter amigos que elevam uma bandeira muito parecida (troca a ordem das cores), mas ainda numa redoma de medos, reprovações, risinhos idiotas, muito culpa de uma sociedade que se diz aberta, inclusiva, mas no fundo, quando se toca em algumas convenções, convenhamos, somos todos uns merdas.
Nesse regresso, de mochila às costas e com todas as cores dessa bandeira, a mim só me interessava uma palavra que nela estava escrita (e ainda está, pois ainda a tenho).
Uma palavra sobre algo que precisamos tanto e cada vez mais: PACE.
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