Lassie
Lembro-me de não ter desistido dela. De lhe empurrar aquela pasta de medicamento pela goela abaixo enquanto ela se contorcia, muito fraca e debilitada. Para depois fugir e refugiar-se nas ervas frescas do quintal onde ficava a arrefecer a sua febre. Foram dias nisso. Aquele olhar dela a pedir clemência. Lembro-me, também, do dia em que me mordeu na perna, talvez porque passei demasiado rápido e a assustei ou simplesmente porque viu nesse momento o ajuste de contas por aquilo que a fiz passar.
Contámos dezoito anos, mas não estou certa de quantos foram. A Lassie desistiu na segunda-feira e ficará para sempre junto às ervas que um dia escolheu para se esconder.
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