Oh marinheiro,
Nasceu em 1934, nessa Vila pobre que teve um porto de amarração de navios e ficou conhecida pelas suas batalhas islâmicas onde rolaram cabeças e se enterraram corpos na mesma fundura que se encontraram moedas de prata.
Na Casa do Povo, ouviu Fernando Pessa comentar a guerra, que viria a trazer ali senhores alemães para velar os aviadores abatidos nas redondezas. Seria por essa altura que os pequenos estalidos na rádio lhe despertaram o interesse por algo que ainda não sabia, mas viria a ser a sua vida. Os barcos comunicavam entre si, em ondas cortadas - o Morse, assim o disse. Trabalhou no comércio e em todos os negócios do seu primeiro e único patrão. Passou pela indústria de peixe da Arrifana, aventurou-se com os pescadores mas com vinte anos rumou a Lisboa, de onde viria a sair para missões, desde Melbourne, Timor, todas as ex-colónias e toda a Europa. Mas a respeito de viagens, os seus olhos vi-os mais verdes quando me falou de Paris e do Porto.
Esta é a história (abreviada) de um oficial de comunicações da marinha, que ontem na viagem de autocarro e numa pausa da minha leitura, abriu o "seu livro".
A sua terra é Aljezur.
[Aljezur, 26.07.2019]
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