Quando um sino toca numa aldeia
Cheguei a Belver sob o sol do meio-dia e decidi deixar o carro logo na entrada da aldeia. Desci uma pequena rua até chegar ao Largo 5 de Outubro ou Luís de Camões, depende de que lado se está da igreja. Foi então que soou o sino, nesse badalar que me é tão conhecido. A mim e a quem vive numa aldeia.
"Está a tocar a defunto" - diria a minha mãe se ali estivesse. Um repenicar que não é festivo e diferente daquele toque das horas, do celebrar de um casamento ou de um baptizado.
Era o toque a rebate. Pareceu-me, mas foi muito curto.
E eu estou numa aldeia que me é estranha e não deixo de pensar quem terá morrido, se novo ou velho, de doença ou subitamente.
Nas aldeias ainda nos importam os mortos. Talvez sinónimo de que a dignidade não tem um antes ou depois.
Quando iniciei o trilho que me levaria à fonte da Fraga, o caminho passava pela casa mortuária. Na porta meia cerrada para que o calor não fustigasse o seu interior estava o obituário. Três pessoas na rua a conversar e, certamente, não seriam muitas mais as que se juntariam para as exéquias do Sr. Manuel.
Confirmava-se, a terra via partir mais um dos seus.
[Belver // 14.07.2019]
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