[Outros] onze de Setembro

Contornei a rua e a azáfama de carros e pessoas denunciaram a reabertura do ano lectivo no real colégio. Tudo é real ali, a começar pelo modo como os pais estacionam os carros para deixar os filhos na escola.

Voltei aos dias em que fazíamos o caminho a pé para a escola primária quatro vezes ao dia e sempre descobríamos algo de novo nesse percurso. Uma fuga pelo souto, pela capela da quinta, ou pelas cavalariças anexas à casa do poeta, quando os cães rendiam a guarda dos enormes portões verdes. Na escola, as carteiras de madeira riscada, aquele cheiro de conforto a livros novos e a lápis de cor quando se abria um estojo. A excitação do que viria, das páginas seguintes, dos lugares que ocuparíamos na sala, do nervoso das fichas a preto e branco que completaríamos, da D. Neves que nos ajudaria a mudar as roupas molhadas quando chegássemos a pingar dos pés à cabeça, dos pacotes de leite com chocolate com aqueles bonequinhos desenhados e sem proibições de açúcar, do único recado que iria para a turma inteira quando nos perdíamos nas horas e não chegávamos a tempo de escovar os dentes.

Hoje, quando esperei que os papás de fato e gravata saíssem dos carros para levar os meninos ao portão, lembrei dos dias em que os nossos pais nunca foram à escola. E isso, sorte ou azar, foi real.

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