Não há tempo
O seu corpo branquelas a cair a direito nas funduras das águas sujas do Douro.
Vi-o, estava eu a meio da ponte e percebi que era um nadador experiente pelo tempo que levou até à margem.
Reparei que fazia parte de uma filmagem e segui distraída pelo frenesim de turistas.
Foi já na varanda dos restaurantes, onde as asiáticas posam a pele branca e luzidia em sucessivos flashes, que o viria a encontrar. Roupas a pingar, cabelo grisalho de uma meia idade avançada, tatuagens no antebraço, aquele sotaque cerrado a afirmar que há trinta anos não saltava.
Por certo, não há tempo que mude um menino do rio.
[ Ponte D. Luís, 08 de Outubro de 2019]
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