O Jei, ontem


O Jei vai sobre a pressão do meu corpo entre o banco dele e o banco do passageiro, enquanto vejo a hora de chegada ao destino no gps do telemóvel. Diz-me da má hora, do trânsito e eu já sei que estamos nesse vulgar momento em que uma cidade pode parar para entrar numa ponte.
O Jei vai falando, nesse sotaque que me lembra o nordestino. Conta-me da reserva natural junto da sua terra natal, das mudanças que sentiu quando se mudou há quatro anos e pergunta-me se algum dia visitei o Brasil.
E então a minha ansiedade morre naquele cheiro de chuva caindo sobre o verde da ilha grande. Morre na primeira viagem de táxi em que sigo aquele calçadão, na ousadia de subir ao morro e comer o frango frito naquela esplanada em pleno coração do Vidigal.
O Jei sabe que eu tenho pressa. Não a mesma pressa que ele teria em quatro horas no trânsito de S. Paulo, para a mesma distância.
O Jei faz-me perguntas e sabe que até eu chegar, não se trata de um atraso, mas da minha capacidade para relativizar.


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