janela #12
Escurece o céu, zanga-se o vento.
E ele tão só, na pracinha do prédio, rua da amargura e avenida das esperanças.
A fumar, de roupão e sandálias.
O cão de olhos tristes deixa o jantar no passeio.
Olhos no ecrã, atira a ponta do cigarro para o chão e não vê nada do que se passa no seu mundo exterior. Nada, na verdade. Os seus actos, apenas.
Na sua via sacra em downloads de megas, subirá ao calvário do tempo fechado em semanas.
Qual é a sua cruz afinal?
O sinal de rede é fraco, avança um pouco mais, que dali já está em dados móveis.
O cão de olhos tristes fareja o rasto do homem.
Será o único a não abandonar o alto de Gólgota.
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