janela #17

Planeei e preparei tudo de véspera.
Fui ver se o carro pegava e se os pneus tinham pressão, descarreguei o mapa para poder aceder em modo offline, preparei a mochila com água, fruta e alguma comida. A pequena navalha para "afagar" nos momentos em que o silêncio invade a cabeça de medos.
No livrinho onde religiosamente consulto os códigos PR, aquela subida à serra pelo vale já depois das duas aldeias, termina com uma vista sobre uma lagoa natural, reservatório das águas da chuva. 
Pensei demoradamente sobre quais as alternativas de estradas a seguir para lá chegar, aquilo que diria caso fosse interceptada e sobre esse momento em que ficaria lá no topo, a repousar o fervilhar do corpo.
Aspirei a casa, pus comida e água à Billy, o suficiente para alguns dias se algo corresse mal. Tudo como se com a ordem das coisas exteriores omitíssemos a desordem daquelas que temos cá dentro.
E hoje, acordei bem cedo, vesti o impermeável, as botas de trekking e enquanto preparava o pequeno-almoço pus no velho rádio de CD,  "Songs of freedom",  na voz da Jacinta. Era a senha. Tal e qual nessa outra véspera e manhã.
E depois, mais um golo no café e fico assim.  À janela e sem ir a lado algum. A gozar dessa liberdade mortífera. 







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