Mr. Miyagi

Tantos poemas esta semana e nenhum sobre os gatos que acordam às seis da manhã ou sobre os homens com motorroçadoras que abrem os sábados em zoadas vespertinas.
Oito e vinte, os céus de negro, nessas manhãs em que queremos café e bolos e não perdemos essas ideias mesmo quando as calças apertam em tudo.
Desci à minha rua direita com a foto da Isabel na minha cabeça (um beijinho a ela). Não pelo traçado de km que ela fez, porque está longe a minha actual audácia, mas por essa liberdade de sair em direcção à Carvalha, descer o rio, chegar à foz, seguir pelo caminho dos cactos para depois cortar pelas dunas e parar a meio, para ver esse mar que nos rouba fôlegos e metros de terra.
Sigo para o parque, onde ainda não há hordas de romeiros. Vejo os patos sem água nos lagos, desorientados que estão, cruzo-me com os que correm suados dessa missão que já deve ter começado às sete. Aquele senhor de jornal numa mão, máscara na outra, só não trouxe guarda-chuva.
Devolvo o sorriso ao polícia que me aparece numa das artérias e desço para regressar e sair pelo portão mais a norte, só para saber se já terá voltado Mr. Miyagi nos seus movimentos equilibrados e graciosos.
E sim, que importa os aguaceiros, ele afasta pequenos galhos e folhas daquela clareira onde fará dos braços espadas samurais.
E fico ali uns minutos. Não vejo o mar, mas talvez tenham regressado os sábados.

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