[ dores ]

 Caem como folhas secas de Outono, como perfeitos despojos dos males que protegem.

Vejo-as em toda a parte, cor de céu. E será que os pombos alinhados nos fios olham para elas também? 

Tento ignorar a dor no meu ombro,  tento sentir-me leve como se fosse descalça na pista tartan.

Toca "silent night" e isso tira-me ritmo, mas ao Silveira não. Quem é o Silveira? 

Não sei, mas acaba de passar com um dorsal ao peito, com o seu nome. 

Aquela luz no rio e aposto que é isso que aquele homem sozinho está a admirar, sentado naquele banco.

Que presunção esta, de adivinhar.

E as dores, e o peso da noite mal dormida. 

Dizem que o deus que morreu esta semana também tinha insónias. 

Não sei se lhe doíam as insónias, mas a mim doem mais do que se eu fosse descalça nesta pista tartan.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Casa do Chá