[ Mulheres ]

"Mulheres ácidas" era o nome da peça. Tão únicas e tão múltiplas,  imaginei eu. 
Ácidas de sagazes, irónicas, mordazes, às vezes seguras de si, olhar riscado de negro, mãos nas ancas, um salto alto por partir. 
Mulheres ácidas, com medo do que há por vir. De pés descalços,  voz trémula, olhos inchados de chorar e mau dormir. 
Mulheres ácidas, dóceis, de palavras meigas ao ouvido, até que dois perdem os sentidos. Mulheres ácidas, com nódoas negras, e medo e rebelião. 
 Mulheres ácidas, bonitas, feias, gordas ou magras. 
Peito firme ou assim como o PR quando se vai vacinar e aparece na televisão... Mulheres seguras, inseguras, tímidas, descontráidas, formais ou demasiadamente desprendidas. 
Mulheres poema, canção, mulheres que saem de livros, mulheres porno, mulheres de garra ou aquelas que não sabem dizer não. Mulheres ácidas, com humor, chatas, tristes, melancólicas, aborrecidas ou muito sofridas. Mulheres ácidas, a descer a avenida, gritinhos de pitas ou olhar por cima do ombro a ver se me pisas. 
Mulheres ácidas, trago do rebordo de um copo com sal ou casta dura, do Douro ou Dão. 
Mulheres. Mulheres. Ácidas. Senhoras, meninas, donzelas, com classe ou vulgares.

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