[ a porta nobre ]


Parecem borboletas verdes, em redor da Choupana em flor. Os meus olhos não creem mas é assim há meses.  

 Em contraste, mais adiante, o amanhecer de quem vive na rua, do banco de jardim transformado em casa, ou mais adiante ainda, quando fizer a linha de Xabregas, onde há cada vez mais tendas, com mesinhas de centro improvisadas com fruteiras. 

 Desço ao Marquês e enquanto não abre o sinal, ele está do lado de lá, de ramo de flores campestres, embrulhadas em papel pardo. "São bonitas" - arriscar-me-ia a dizê-lo, mas sigo caminho. 

 O ponto de água, mais além, a espelhar o sol de inverno embora já esteja no verão quem passa a correr, sem tshirt, nessa pequena bolha de aerossóis. Era bonita, a bolha. 

 Está fechada a porta nobre, com fitas de cena do crime, como de resto muitos lugares da cidade, os bancos do jardim, os apetrechos dos parques, os varandins, os lugares das selfies.  

 Já não me rogam com louro prensado.  Está fechada, a porta nobre. Eram bonitas, as flores.    



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