Aos poucos, mais cidade
Ainda acreditei. Ou tentei convencer-me disso. Que aquele espaço, paredes-meias com o colégio, já com um placard gigante a anunciar um empreendimento, ficaria ali, parado no tempo, no abandono das vontades e das decisões e seria sempre aquele pedaço de campo, árvores à volta daquele muro rural defronte da "minha" Rua Direita. Assim, intocáveis. Ao mundo da cidade. Mas vieram as gruas, as máquinas, os contentores, os trabalhos sem dias de descanso. E eu fui, aos poucos, convencendo-me que aquela seria uma quinta diferente, de portões automáticos e câmaras de vigilância. Depois, as minhas atenções voltaram-se para aquela árvore de grande porte, junto ao muro e que, pela sua copa arredondada, me parecia um pinheiro manso. Mas um pinheiro não morre assim. E aquele, simplesmente secou. E todas as manhãs, sempre que curvava o carro ali, eu pensava que ainda restaria uma solução para aquela árvore. Até a uma manhã da semana passada. Os troncos amontoados junto ao muro ...