Hoje, enquanto recuperava o fôlego junto ao carro, um jovem casal aproximou-se e perguntou-me se era ali a "Boca do Inferno". E disse-lhes que sim, mas fiquei sem resposta quando me perguntaram porque se chamava assim. Talvez porque há uma enorme garganta de rochas por onde o mar descobre o caminho, voluteando até se erguer em espuma, e recuar e voltar, sempre na cadência das ondas, das marés deste mar de Cascais. Não sei o porquê de se chamar assim, aliás, tenho para mim que o inferno não é assim tão belo e ninguém suporia tal paisagem para o lugar que se afigura como o terrreno do demónio. Mesmo quando o mar é violento, galga rochas e penhascos, afasta os barcos do mar, mesmo quando as vagas irrompem pelas rochas devolvendo-nos o cheiro e o sabor da água do mar. Mesmo quando esse mar assusta e nos lembra que somos ínfimos perante a natureza. Talvez porque aceitamos as coisas tal como são, como se chamam, nunca questionamos sobre estes detalhes. Porque vemos, sentimos e ...