Da janela, lembro-me quando ia correr, e de todas as vezes em que pensei guardar a memória sobre aquela papelaria da esquina do prédio, umas ruas mais acima. Vai para quatro anos que cá estou e talvez tenha o mesmo tempo o meu fascínio por aquela montra, pela luz que permanece ligada toda a noite como se de um verdadeiro negócio activo se tratasse. O prédio é moderno, em frente à escola, e por estes dias até lhe vi movimento no rés do chão, que aparenta ser os preparativos da abertura de um café. E mesa de bilhar terá, que já a puseram, junto à vidraça. Entretanto, o sol continuará a roubar as cores dos postais que continuam no expositor da papelaria, das cartolinas de diferentes cores e tamanhos, das mochilas com bonecada que ainda dão alegria àquele espaço que parece ter vida e não ter. Chego, até, a pensar no cheiro a lápis de cor, se lhe abríssemos a porta. No cheiro das borrachas verdes, ou das brancas, que cheiravam a adocicado e dava vontade de comer. N...